terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Johnny Guitar: o romantismo desiludido



Um artigo de João Leitão Ramos de Agosto de 2000

Numa acção de formação de professores sobre cinema, João Leitão Ramos, passou Johnny Guitar, salientando a teia de emoções daquele que para ele é um dos mais belos filmes do mundo.Na fase do diálogos os alunos, desiludidos, responderam: "sabe, eu não gosto muito de filmes de cowboys".

Agora passo a citar "Como é que se explica que Johnny Guitar não é um filme de cowboys se se está mesmo a ver que é? Como é que se diz que, na essência, é a história de um homem que ama uma mulher e ela não esperou por ele naqueles cinco anos de que nada sabemos? Como é que se dá a ver que a cor dos fatos de Vienna é a sublimação cromática de uma evolução dramática? Como é que se faz entender que a figura de Emma é a harpia que, de mulher vencida na guerra do sexo, se transmuta em fúria, 'gauleiter' de todos os que não suportam a diferença? Como é que se traduz em linguagem corrente a tragédia das mortes em que o filme abunda, cada uma delas mais fulgurantemente magoada que as outras? Como é que se comunica a um auditório que, sempre que Johnny pede a Vienna 'mente-me' as lágrimas se formam nos meus olhos? Como se consegue - suprema ambição de qualquer crítico de cinema - partilhar os entusiasmos (...) não se consegue. O prazer estético é intransmissível".

"Sobre este filme em que a mulher tem a dureza de um homem, antes que um homem a faça retornar outra vez a ser mulher...."

Este filme é obra de cabeceira de muita gente que a ele se apega como filme de referência, figura recorrente de um romantismo sem ilusões"

Um filme sobre o romantismo desiludido, o romantismo que sobeja da morte do amor.
E a música da Peggy Lee que ilumina tudo com o encanto da nostalgia.

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