segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

É muito difícil entrevistar Sócrates













É difícil entrevistar alguém que rotula as perguntas dos entrevistados de "injustiças", "infâmias", "perseguição", o que retira liberdade ao entrevistador. Alguém que faz julgamentos morais aos entrevistadores, em directo. O uso e abuso das palavras emocionais que confundem o entrevistador e o público. Alguém que foge às respostas intimidando quem o está a entrevistar. Não há qualquer tom de responsabilidade naquele discurso, é um discurso magoado. A forma como pestaneja, a forma ofendida como responde. Sempre agarrado a máximas morais e a verdades formais.
Vamos lá a ver, não há nenhuma infâmia nos artigos que os jornais escrevem. Há transcrições de conversas gravadas que foram separadas porque alguém suspeitou de tráfego de influência. Claro que depois, entre a suspeita e a confirmação vai um mundo, até porque os escutados falavam em "código", usando palavras como "chefe", o que torna difícil de provar. Mas lá porque não se pode provar judicialmente, não quer dizer que se esteja a insultar ao divulgar essas escutas. Absurda a resposta de que nunca ninguém o chama de chefe. Isso não retira que se possam referir a ele como chefe.
O jornalismo em democracia não vive de verdades formais e oficiais. Nem Sócrates pode acusar os jornalistas, ao mesmo tempo que esboça sorrisos técnicos, de estarem a difamá-lo, ou de estarem ao serviço de facções políticas para o derrubar. Por essa ordem de ideias nunca o Washington Post poderia ter revelado as escutas que deram origem ao Watergate e derrubaram Nixon, nos anos 70.

A questão de não apoiar as empresas, para que estas gerassem emprego, e optar antes por fazer investimentos públicos de embarda (auto-estradas aos magotes). Quando é questionado, em vez de explicar pelas suas próprias palavras a sua opção política, quase chama ignorantes aos que não viram logo que era economia, que era Keynes.

Sócrates intimida para Governar.
"O Estado vai reforçar medidas contra a violação do segredo de justiça". Soa a ameaça aos magistrados. Mas que Estado? Os Magistrados não são Estado? Para Sócrates o Estado é ele, os seus ministros e os seus deputados, e a esquerda que o apoia.

A forma como defende o comportamento da economia portuguesa sob o seu mandato, em contra-ciclo com as agências de rating, internacionais. Não há país que não veja Portugal como um pântano. Quem vive fora telefona preocupado com o país, porque o que se houve de Portugal é que está mergulhado numa crise económica, com o maior défice da História Portuguesa, com a maior dívida pública - que ainda por cima não serviu para que os agentes económicos tivessem acesso a crédito mais barato; uma taxa de desemprego galopante. Daqui a dois anos vamos estar na mesma, e teremos o mesmo primeiro ministro, com mais cabelos brancos, a elogiar a economia portuguesa e a citar Keynes como seu guia espiritual. De que serve aquela conversa (importada de especialistas em energia) dos benefícios de investir em energias renováveis para reduzir a dependência do petróleo. São as éolicas que chegam para reduzir a dependência do petróleo? Já no Governo de Santana Lopes, se tinha chegado a essa conclusão. Mas ou se avança para o nuclear, ou as energias alternativas não resolvem só por si a dependência do petróleo. Está o Governo à espera de criar uma verdadeira alternativa ao petróleo para equilibrar a balança de pagamentos, nem lá para as calendas vamos ver esse equilíbrio.
Estamos quase em Março e ainda não há Orçamento de Estado aprovado. A única medida que Sócrates tomou nesta legislatura, mais valia não ter tomado.

Sócrates não responde aos portugueses, responde aos inimigos! Todos os que não votaram nele, todos os que são de direita, todos os que não o defendem, todas as empresas que não o apoiam, todos os magistrados e juízes que suspeitam dele, todos os jornalistas que revelam notícias incómodas, todos os críticos.

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