domingo, 14 de fevereiro de 2010

Fernando Pessoa intemporal

Nunca me atrevi a dizer que Fernando Pessoa era melhor em prosa do que em poesia. Porque sempre achei um atrevimento exagerado dizer uma coisa que ia destronar uma verdade instituida com força de betão: de que Pessoa é o maior poeta português. E eu não tenho, para lá da minha sensibilidade natural, argumento científicos para sustentar porque sempre preferi a prosa de Pessoa à poesia. Mas um dia ouvi esse génio da literatura que é a Agustina Bessa Luís a dizê-lo e senti-me reconfortada.
Aqui está um exemplo da prosa magnifica de Pessoa: "Nada me pesa tanto no desgosto como as palavras sociais de moral. Já a palavra «dever» é para mim desagradável como um intruso. Mas os termos «dever cívico», «solidariedade», «humanitarismo», e outros da mesma estirpe, repugnam-me como porcarias que despejassem sobre mim de janelas. Sinto-me ofendido com a suposição, que alguém proventura faça, de que essas expressões têm que ver comigo, de que lhes encontro, não só valia, mas sequer um sentido". Intemporal Pessoa! in o livro do desassossego

No mesmo livro, outra passagem, sobre o Amor: "no próprio acto em que nos conhecemos, desconhecemo-nos"

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