Dinossauro excelentíssimo

Eu quero fazer aqui a defesa da Liberdade de Expressão. Mas da liberdade de expressão que nasce da cultura, da sabedoria, da honestidade intelectual. Da liberdade de expressão de quem tem sentido crítico e auto-estima suficiente para pôr em causa as ideias feitas; liberdade para pensar por si próprio ainda que para isso tenha de estar contra a corrente, e que tenha a perder com isso.

Eu sou livre, porque sei pensar pela minha cabeça, pela inteligência que me foi construída à custa da cultura, da literacia, da atenção ao outro e às vicissitudes da natureza humana. Sou livre ainda que viva num mundo de falsa liberdade. De uma tirania do individualismo revestido de slogan de liberdade. Ainda que viva num mundo dominado e condicionado por ideias impostas pelo marketing, e enxertadas na incultura, na iliteracia, no analfabetismo.
Sou livre porque sei que a inteligência, sem bondade não é inteligência. Só quem sabe que o amor é a medida de todas as coisas é sábio.

Sou livre de dizer que:

Sou contra as alianças de poder que não tenham por desígnio um motivo nobre e uma causa de bem; de amor ao próximo. Mas do amor ao próximo no plano da igualdade... não estou a falar da caridadezinha de quem está bem e sente um impulso caridoso pelos que não representam ameaça ao seu estatuto.

Sou contra a vitória da aparência sobre a essência, em quase tudo.

Sou contra o Estado na PT, na CGD, na Galp, na EDP, na REN. Porque por detrás de um motivo nobre, esconde-se o tráfego de influências.

Sou a favor do TGV Lisboa Madrid

Sou contra linchamentos públicos, sobretudo quando vêm disfarçados de justiça

Sou contra lobby que se juntam para dominar a comunicação social, sou contra o deslumbramento social que permite isso.

Sou a favor do estabelecimento de padrões, mas contra os preconceitos. Há pessoas que são tão preconceituosas, tão preconceituosas, que quando a realidade não encaixa nos seus preconceitos, o pior é para a realidade.

Sou a favor da aposta na cultura, mas associada à educação, não como uma coisa avulso para alimentar essa guerra de comadres que é hoje o mundo cultural (pelo menos o português)

Sou a favor da cultura como instrumento da criação do espírito crítico. "Somos o que vimos e o que lemos".

Sou a favor que as nossas cidades tenham a cultura como referência e não percebo porque é que em Lisboa não há sinalética a revelar os caminhos que vão dar aos museus da cidade (como acontece em Madrid), e não percebo ainda porque é que no aeroporto não há divulgação cultural do país.

Sou a favor do altruísmo.

Admiro a acção social que é praticamente dominada pelas instituições católicas.

Gosto de Jesus Cristo, porque nos revelou o único caminho que existe para sermos felizes: ama o outro como a ti mesmo, e a Deus (à nossa natureza) acima de todas as coisas. O amor está sempre ligado à vida, e ao nosso sentido de infinito.

Sou católica. Mas não é porque sou católica que penso assim, penso assim e por isso revejo-me no ser católica.

Gosto do Papa Bento XVI, reconheço nele traços de grande inteligência ao serviço da teologia, e ainda o admiro porque tem a coragem de romper com o relativismo moral.

Sou contra a apologia da homossexualidade, que tenta transformar em bem aquilo que não o é.

E sou das que acha que a invenção da palavra homofobia, é intelectualmente desonesta porque desde logo encerra em si um erro de sintaxe: homo quer dizer homem e fobia quer dizer medo, logo quer dizer medo de homens. Sou contra que nunca ninguém tenha pensado no assunto e se tenha deixado intimidar no seu pensamento por este chavão.

Sou contra a demagogia que usa palavras com grandes cargas emocionais positivas (tolerância, discriminação, etc), que retiram a liberdade de pensamento e a liberdade de expressão dos argumentos contraditórios. Porque não há ninguém que não defenda a tolerância...

Sou contra o aborto livre.

Sou apologista da subtileza dos gestos e da tradição dos costumes (de alguns).

Sou a favor do bom gosto em tudo, a começar pelos gestos.

Sou a favor do amor romântico puro, e acredito que um homem e uma mulher podem unir-se para sempre. Esse lugar existe. E acredito que por muito que nos enganemos, uma dia deparamo-nos com essa verdade.