quarta-feira, 14 de julho de 2010

Estou no SAPO

Este blog agora é actualizado em http://mariateixeiraalves.blogs.sapo.pt.

Vemo-nos por lá!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

The difference between the men and the boys....

Acabo de ler que o Governo, justificou o uso da golden share para vetar a venda da Vivo, com um "o Estado limitou-se a não permitir que os seus interesses fossem desconsiderados e ignorados". I beg your pardon?! Quais interesses? Os interesses de redução do défice externo? O emprego em Portugal ia ficar afectado com a venda da operadora no Brasil?

Quando a gente pensa que há uma lógica de gestão, uma racionalidade económico-financeira, uma estratégia de médio e longo prazo, na cabeça das pessoas que gerem o país... eis o que obtemos, os membros do Governo, liderados por Sócrates sentiram-se ostracizados... vetaram a venda da Vivo por sete biliões, que permitia à PT reduzir a sua elevada dívida, distribuir dinheiro aos accionistas, e poder investir na compra da brasileira Oi, sem o peso da antipatia da Telefónica, porque foram "desconsiderados"! Olhem bem a qualidade intelectual dos nossos governantes... usam a golden share porque amuaram... foram enganados. Sócrates sentiu-se traído pelos seus amigos... estava mais uma vez do lado dos mais fortes de Portugal e de repente estes mudaram de lado e deixaram Sócrates agarrado, isto não pode ser. E vai daí tomem lá um veto que é para aprenderem quem é que manda aqui!

Que criancice!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Socialismo doirado

Ainda dizem que não há diferenças ideológicas entre esquerda e direita. Para um Governo de esquerda o Estado é árbitro de todas as questões humanas: da justiça social; do mérito; do bem e do mal. É o gestor de todas as empresas. O regulador de todos os actos. O Estado é Deus num mundo onde o Homem é visto como o grande "arquitecto"!

Se não fosse politicamente incorrecto, o Portugal de Sócrates era hoje um palco de nacionalizações. Porque as empresas pertencem ao país e não às pessoas (daí a empatia com o venezuelano). Porque é ao Estado que cabe decidir o que se vende a quem, e quem pode ir para os 'boards' das empresas portuguesas (ainda se lembram do Mário Lino na Cimpor?). Em Portugal o Estado manda, mas não paga. Anda sempre «ó tio ó tio» a receber os bancos para lhes pedir dinheiro para a Economia (que está como está pelos grandes méritos de gestão do PM).
Para a direita quem investe manda. Quem arrisca decide. O mérito é avaliado pelo resultados. Ao Estado cabe apenas a função de assumir o que os privados não podem fazer, por não ser rentável. Para a direita o Estado é o fiel da balança de uma realidade onde não há igualdade, e se sabe que não há. O Estado compensa, não é gestor.
A esquerda não se indigna que uma empresa seja dos seus accionistas para assumir as dívidas e fazer os investimentos necessários para crescer os seus activos, mas seja do Estado quando se trata da gestão e da estratégia. A direita fica indignada e pergunta: quem vai pagar os 6 biliões de dívida da PT? É o Estado com a sua Golden Share. Quando não houver dinheiro quem vai salvar a PT, o Estado com as suas quinhentas acções especiais? Nem em trinta anos a PT vai receber os 7 biliões, que os espanhóis lhes ofereceram de bandeja.
Num país onde o rácio de endividamento é de 110%, pode-se dizer que Sócrates sabe o que faz! Grande gestor aqui temos! O país não tem dinheiro. Os bancos não se conseguem financiar, mas pronto temos uma golden share, e quem tem uma golden share tem tudo!

O poder está no que não se exerce, ou deixa de o ser.... poder fazer mal e fazer bem, poder vetar negócios e não o fazer.
Este é o fim da golden share da PT, usou o ferrão agora está condenada à morte!

Mas haverá fórmulas de contornar a tirania do Estado?
Há. Pode-se esperar pelo fim da golden share, aparentemente Bruxelas está a semanas de lhes dar o triste pio. Mas como tudo isso parece muito vago, e pode, no limite, arrastar-se numa batalha jurídica a Telefónica tem uma alternativa: alterar ligeiramente a proposta de compra que foi vetada e o Conselho de Administração, desta vez, não delegar os direitos que são seus, numa assembleia onde o Estado pode mostrar as suas garras. Até porque esta é e sempre foi uma competência da administração....

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A pensar que ....

"A maior cobardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la"


Bob Marley

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O fim da espécie

Na edição de hoje, dia 17 de Junho, do Público deparei-me com um bom, perspicaz e inteligente artigo de opinião de Pedro Lomba, jurista e meu amigo no Facebook. O artigo tem o poético nome de A Mãe das Crises.

Diz Pedro, que se o escritor de ficção científica Philip K. Dick vivesse ainda, já não precisaria da sua imaginação para distorcer o futuro. "Esse futuro que nas histórias de Dick parecia delirante está agora bem plantado à nossa frente, no tempo útil das nossas vidas.
Consultando as estatísticas ficamos inteirados da boa nova: a longo prazo, não estaremos mortos. Estaremos extintos". Eis uma verdade revelada nos números do INE, também citado no artigo de Pedro Lomba: em 2009 tivemos mais óbitos do que nascimentos. É sempre bom lembrar que este foi o ano em que o aborto se encontra em plena liberalização.... a legitimação da homossexualidade como regra da humanidade deu o seu primeiro passo este ano, sob a pena de Sócrates e a benção de Cavaco Silva. Pelo que, se antevê mais mortos que bebés nos próximos anos estatísticos.
Continuando no artigo do Pedro: "muita gente tem alertado para o declínio demográfico que ameaça o mundo ocidental como o conhecemos. Esse declínio demográfico converteu-se no primeiro problema para o nosso modo de vida nos últimos 60 anos. Até temos algumas ideias de como devemos enfrentá-lo, mas hesitamos, em parte porque estamos sobretudo focados noutras pragas (as alterações climáticas, a especulação bolsista)" – lembro a este propósito, as palavras de Bento XVI, "se queres preservar a natureza [nestes tempos em que se empunha a defesa do ambiente como bastião da superioridade moral] preserva a criação" – noutra parte (continua Pedro) porque ainda vivemos na doce ilusão de arranjar maneira de salvar a nossa pensão de reforma".
O que faz ponte com outra tendência pós-moderna: a política do nosso umbigo, cada um por si.
"No entanto, comparado com o meteorito que será os países europeus ficando aceleradamente sem população, tais preocupações parecem menores ou acessórios. Se não houver gente, faremos o quê? Em 2003 a idade média na Europa era de 37,7 anos. Em 2050, segundo um estudo da Brookings Institution, essa média rondará os 52,3 anos (...). Praticamente todos os países europeus sofrerão baixas acentuadas nas suas taxas de população". Pedro diz ainda que "daqui a 40 anos viveremos na sociedade mais envelhecida que provavelmente existiu na história do mundo. os novos serão minoritários (...) e sabem o que acontece às sociedades dominadas por anciãos? Mais cedo ou mais tarde definham".

Agora vejamos como Pedro Lomba alerta para outro problema, que se vai cruzar com a guerra religiosa-cultural entre o ocidente e os países muçulmanos. E que eu achei absolutamente oportuno, num momento em que os países ditos tolerantes (os europeus) proíbem os véus muçulmanos nas pessoas muçulmanas, e que os usam voluntariamente, por muito que isso custe aos Dom Sebastiões da tolerância. Já pensaram as mulheres se fossem proibidas de usar brincos por ser considerada violência um furo na carne?
Bem, mas continuemos no artigo do Público: "Ao mesmo tempo, eis o que tem acontecido: as taxas de fertilidade do mundo muçulmano têm continuado o seu ritmo imparável. Desde 1970 que têm sido responsáveis por grandes subidas da população mundial. Há hoje muito mais muçulmanos na Europa vivendo como muçulmanos, isto é, conservando os seus hábitos religioso e rejeitando o secularismo ocidental. Essas tendências da natalidade não-ocidental suscitam também conspirações de poder em torno de uma suposta arabização da Europa.
Ou seja, os muçulmanos escusam de estar preocupados com os braços de ferro com o mundo ocidental (cristão?), porque o mundo ocidental sucumbirá por força das suas teses e filosofias pseudo-tolerantes. Enquanto a Europa está distraída a ser moderna: criar opções sexuais; perverter a realidade natural; promover a guerra dos sexos (diferentes); defender a liberdade do homem como arma contra a natureza; com o culto do corpo e do mito da eterna juventude. Enquanto a Europa se regozija com o seu narcisismo psicótico, enquanto se faz dos SPAs os ideias de felicidade, os muçulmanos amam-se e procriam. Eu acrescentaria aqui os chineses. Enquanto o diabo esfrega um olho, a Europa será povoada por outros povos, e será o crucifixo o símbolo minoritário proibido.

Diz o Pedro: 2200 0u 2300, falarão aqueles que viverem nessa altura daquilo que nós fomos, tal como nós falamos da civilização maia ou dos romanos? Um dos grandes paradoxos da Europa é que nenhum outro recanto do mundo ofereceu tanta afluência e bem-estar às suas populações para que cuidassem da sua própria subsistência e renovação. A Europa é que deveria ser, e em certo sentido até se imaginou dessa forma, o verdadeiro «fim da história».
"Mas a anatomia europeia explica bem porque é que a afluência económica e o bem-estar social não chegam para manter uma cultura". E agora digo eu, aos ateus deste mundo, «são precisos os símbolos, é preciso a fé». Para além de ser preciso a procriação! E para esta haver tem que se cultivar o amor, homem/mulher. A verdadeira tolerância que é preciso defender, é a tolerância entre os sexos. Se cada um continuar a procurar satisfazer-se a si próprio num hedonismo disfarçado de liberdade (porque a grande liberdade está em prescindirmos de nós por amor ao outro.)

Pedro Lomba acaba citando um historiador inglês (Toynbee): «as civilizações morrem por suicídio, não por assassinato». "E é certo na história das grandes civilizações que a seguir à decadência vem a extinção. A crise demográfica é a mãe das nossas crises". Bem dito, Pedro!

domingo, 13 de junho de 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Razão a mais estraga o sentir ....

«Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente, por isso pouco sentiam. De aí a sua perfeita execução da obra de arte.»  Fernando Pessoa

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Falta de fé...

Há maus descobridores que pensam que não há terra, quando não vêm mais nada do que mar


Francis Bacon (1561-1626)

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Segredo dos teus Olhos

Pode desistir-se de tudo, mas não se consegue desistir de uma paixão:

sábado, 5 de junho de 2010

Portugal na categoria de activo tóxico

Dizem-me que Portugal já está na categoria de activo tóxico para os investidores europeus. Os países e as empresas europeias, quando querem mostrar o seu melhor lado empunham os seus balanços limpos de investimentos em dívida pública de alguns países europeus, nomeadamente Portugal, e limpos de investimentos em obrigações de bancos portugueses.

Os nossos bancos continuam a ser "barrados" no mercado monetário e no mercado de dívida a coisa não corre melhor. Não se iludam, que os nossos bancos não estão livres da falência...
Preparem-se para as novas ondas de fusão que podem surgir nos escombros da crise de liquidez. Os portugueses vão ter de engolir o orgulho e a vaidade com esta crise, lá isso vão

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Hungria, mais um da UE na bancarrota

Hungria à beira do default, mais uma acha para a crise da liquidez que afecta muito os bancos portugueses.

O Governo húngaro alertou que o país está numa "situação económica muito grave", tendo acusado o anterior Executivo de manipular dados e mentir sobre o estado do país. A declaração está a penalizar os mercados, uma vez que uma situação de "incumprimento" no pagamento da dívida pública não está afastada. Este alerta teve um efeito pronunciado nos mercados, com as bolsas europeias a acentuarem as perdas e o euro a recuar para mínimo de quatro anos, abaixo de 1,21 dólares. A moeda húngara recua 1,8% e a bolsa de Budapeste desce mais de 4%.
Consequência inevitável: a falta de confiança agrava-se. O mercado monetário continua fechado, o mercado de dívida pública vai ficar agora mais céptico. Os spreads sobem. As economias frágeis, como a portuguesa vão ser afectadas por contágio. Os bancos portugueses continuam com a corda na garganta sem luz ao fundo do túnel.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Batalha de Aljubarrota

Eu acho que no fim de todas as batalhas a PT vai acabar por vender a Vivo à Telefónica. Não tem alternativa. Porque o máximo que pode almejar é a ficar com a Telefónica numa situação de impasse. Mesmo que consiga capital para cobrir a oferta da Telefónica (5,7 mil milhões), não tem grandes hipóteses de conseguir que os espanhóis vendam a sua parte na operadora móvel no Brasil. A Telefónica ganha mais em sinergias (porque tem a rede fixa no Brasil) do que a PT, pelo que a Vivo é mais valiosa para os espanhóis. Para além de a Telefónica ter um papel predominante na gestão da Vivo e de travar a distribuição de dividendos, e isso afectar mais a PT e os seus accionistas que os espanhóis. Sofrem do mal do país (endividamento).

A PT vai acabar por ter de vender a Vivo e usar o dinheiro para investir noutra operadora num mercado fora da Europa, que tenha afinidades com Portugal (Brasil? PALOPs?). Desta vez sozinha, e sem parceiros gigantes com 50%.
Não haverá OPAs hostis à PT, a Telefónica está a fazer bluff. É um facto que a PT tem muita perícia na defesa de OPAs, e tem aliados expert em "white knight" (accionistas que ajudam à defesa) - neste caso o accionista aliado seria a Telmex - mas esta tática só funciona em estratégias de defesa. Nada podem numa estratégia de contra-ataque.
A PT precisa da Vivo, mas só se houver dividendos que lhe sejam distribuídos. Valbuena sabe bem como ferir a PT. E embora Zeinal não seja subestimável, a verdade é que a nossa PT está em desvantagem face à Telefónica, quanto mais não seja pela capacidade financeira da operadora espanhola.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O cúmulo do optimismo é.... Ricardo Salgado

"País não está num beco sem saída, nem vai contra a parede"

Os bancos vão ter de financiar-se mais através da captação de depósitos e do BCE, diz Ricardo Salgado. É que as outras hipóteses estão fechadas. Ou seja: “o mercado interbancário está fechado”. As instituições deixaram de novo de emprestar dinheiro entre si na Europa, voltando a paralisar o mercado interbancário. "Este mercado nunca recuperou totalmente desde a falência do Lehman e que agora voltou a fechar. Houve uma secagem brutal de liquidez”, disse o banqueiro. Recorrer a emissões de obrigações junto dos investidores internacionais também não é alternativa. “Se o Estado está a pagar 4,3%, os bancos vão pagar ainda mais. Imaginem que ‘spreads’ seria necessário cobrar no crédito”, disse o presidente do BES. “Se formos agora buscar financiamento de médio e longo prazo, com estes ‘spreads’, não conseguimos financiar a economia”. "A solução é aumentar a componente de depósitos. Neste momento 60% do financiamento do banco vem dos depósitos e vamos ter de aumentar esta componente". Mas, avisa o emblemático banqueiro, o recurso a esta via significa, no entanto, que vai “desacelerar a concessão de crédito”. É assim "natural que a concorrência se possa intensificar no mercado doméstico”.

O recurso às linhas de cedência de liquidez do BCE, que representam actualmente cerca de 3% do total de activos da banca portuguesa, deverá também intensificar-se. Portanto estamos a falar de financiamento a curto prazo, e com isto quer-se dizer 3, 6 meses, talvez até um ano. Os banquinhos portugueses estão condenados a financiar empréstimos a trinta anos com financiamento a seis meses.... Mas pasme-se, que perante este cenário de miséria, que eu diria mesmo assustador, Ricardo Salgado conclui que: "não há motivo para desesperar". E contrariando as recentes declarações do presidente do BPI, Fernando Ulrich, afirmou que “não estamos num beco sem saída, nem vamos contra a parede”.

Nem Sócrates, em pleno estado de êxtase, consegue fazer melhor!

terça-feira, 25 de maio de 2010

O que é a sabedoria?

A grande sabedoria é saber destinguir o bem do mal.

sábio provérbio

Deus nos livre de justiças novas e de chaminés velhas

terça-feira, 18 de maio de 2010

Se cá nevasse fazia-se cá ski... se não houvesse especuladores, agências de rating, banqueiros irreverentes, jornalistas perspicazes


O mundo mudou em três semanas - e de que forma! Disse José Sócrates, ensaiando uma preocupação concentrada e inteligente. Oh!!!!

Os ataques especulativos dos investidores institucionais, são agora os maus da fita. Como antes foi o subprime, para justificar o aumento desenfreado da dívida, a mesma dívida que agora encurrala Portugal numa situação de potencial crash de crédito. Sócrates e seus ministros já tiveram vários culpados. As agências de rating, os banqueiros malditos, os anteriores Governos. O Primeiro Ministro volta agora a justificar as suas políticas desastrosas com o facto de ninguém emprestar dinheiro a Portugal nem aos bancos portugueses. Mudou em três semanas? Há cerca de um mês que escrevi que Portugal ia passar por uma crise de crédito, e uma crise de liquidez estava para bater à porta dos bancos. Escrevi, que enquanto Sócrates continuava a citar Keynes, estava a ignorar que esta é uma crise de crédito e não uma crise da procura. Os bancos portugueses vão sofrer os desvarios de um governo de um homem pouco culto, pouco sábio, obstinado pela imagem e pelos conceitos bacocos de modernidade.

Portugal tem uma dívida pública declarada de quase 80% do PIB, mas se juntarmos a dívida dos privados ao exterior, passa para 110%. Como é que

Portugal vai resolver isto? As medidas de austeridade não vão chegar. Porque vão retrair a economia. Vão travar o consumo, ancora dos últimos crescimentos do PIB português.

Os bancos não vão dar crédito à economia, porque não conseguem financiar-se para isso. Os bancos não podem dar crédito com margens neutras, ou mesmo negativas, porque vão à falência. Alguém acorde. A economia não vai crescer. Não havendo crédito, as empresas vão deixar de investir e até de pagar as suas dívidas, e os salários. O desemprego brutal é uma certeza. As medidas de austeridade, vão ainda provocar um aumento da pobreza e da criminalidade.

Portugal está arrumado, porque o Sócrates investiu mais no poder, na imagem e na aparência (e nas falsas questões sociais) do que na gestão do país. Sócrates investiu mais no polvo (nome dado à teia de relações entre empresários, gestores, jornais e o Governo,) do que numa política de gestão de um país já de si fraco em produtividade.

O mundo não mudou em três semanas, mudou em 2007... ano que foi o último suspiro de um velho mundo que vivia alienado no crédito. O mundo mudou porque a alavancagem explodiu. Todos vamos ter de engolir a vaidade que nos permitiu o consumismo exacerbado.


Tristes aqueles que não têm idade para que haja vida para lá do défice.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Bandas Intemporais XI

Com amigos destes quem precisa de inimigos?

Traição é ter um Presidente da República, que diz num discurso de recepção do Santo Padre, convidado por si, que "recebemos-vos em tempos de incerteza e que põem à prova a solidez das convicções e a força dos laços que unem comunidades", e depois aprova o casamento homossexual. Ainda por cima com a hipocrisia daquele preâmbulo em que faz questão de salvaguardar que não defende pessoalmente esta lei. Ora nós não votámos nele para ele dizer o que pensa em casa, votámos nele para que ele tomasse decisões de acordo com o que diz defender. Esta posição do Cavaco, já reproduzida no caso do aborto e do divórcio, é prova de um oportunismo. Cavaco hipoteca aquilo em que acredita à voz de quem lhe pode dar votos. O que só vem demonstrar que querer agradar ao mundo é muitas vezes a semente do mal, e Cavaco Silva não fugiu à tentação da vaidade. Vendeu a consciência por votos. Mais grave é ter esperado pela vinda do Papa, para iludir os católicos para logo a seguir os trair assim que Bento XVI virou as costas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Séries memoráveis da minha infância II

Pequenos Vagabundos, a primeira paixão

Séries memoráveis da minha infância

Wonder Woman com Lynda Carter

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A beleza do perene nos desafios de Bento XVI

por André Lamas Leite, Publicado em 13 de Maio de 2010

O lançamento de pontes entre a Fé a Razão tem sido umas das tarefas deste Papa

"Fazei coisas belas, mas, sobretudo, tornai as vossas vidas lugares de Beleza." Se tivesse de destacar uma frase do discurso de Bento XVI no encontro com as gentes da cultura, por certo inscreveria esta no breviário das cogitações diárias num mundo fechado ao transcendente e que, paradoxalmente, por ele anseia de modo infinito.


Propagandeia-se que o Bom, o Belo e o Justo assumem foros de verdades de adesão, de escolhas irracionais feitas por mulheres e homens desalinhados com o tempo. O grande contributo do Santo Padre tem sido (re)lançar pontes entre a Fé e a Razão, ou melhor, regressar ao étimo kantiano transformador da racionalidade em instância crítica também da Fé. O que esta não aceita, porque a tal, a Razão, levanta um veto inelutável, de igual jeito "as razões" não podem receber, sejam elas espirituais sejam temporais.

A multiplicidade de instâncias críticas é miríade de pensamento que, per se, urge saudar. Todavia, como Jano, se as mesmas estiverem ao serviço "das coisas penúltimas", como assinalou o romano pontífice, essas "razões" constituirão vazio. Um supremo vazio hedonista e comprometido com o temporário, que, no mero acto da sua escrita, se esvaiu já por entre dedos desossados, qual ave multicolor que, desasada, definha e morre. Não que o prazer seja um mal, um pecado. Não que a mensagem das religiões do Livro não seja, fundamentalmente, amor. Mas o prazer só o é na dialogia, em "(com)prazer". Quem se compraz engrandece-se e, ainda que movido por um "egoísmo altruísta", pode aspirar às primícias do Belo.

O medo - essa constante da noite dos tempos, conselheiro sábio que impede o abismo e abutre cobarde - é o único obstáculo a uma cultura integral ao serviço da essência da pessoa. E cultura surpreende-se em trechos de Mozart, em linhas de Camões, em filmes de Fellini, no sorriso desdentado e gasto do pastor transmontano ou nos pregões das varinas nazarenas. É de uma cultura inclusiva e liberta de pseudo-intelectuais que se nutre a alma de um povo. Tudo o mais é postiço, gongórico e ostentador.

O apelo do Papa é, por rectas contas, um convite à simplicidade, um verdadeiro "acto de contrição" de um intelectual a braços com uma Igreja ferida e dormente, imersa num ambiente que, reclamando com inteira justiça a punição de abjectos crimes, amiúde erige em bode expiatório instituições e pessoas. Limitadas, contingentes e pecadoras pessoas. Os membros do clero, da dita sociedade civil; todos nós. A política do silêncio e do encobrimento não se reconhece na instância crítica racional que Bento XVI tanto cultiva. Se o afirmamos sem tibiezas, também nos erguemos de forma decidida contra generalizações apressadas.

A Igreja pecou, peca e pecará. Constância triste, dir-se-á. Por certo. Todavia, poucas são as instituições que, nos dias que nos tocou viver, mantêm capacidade de autocrítica e, espera--se, de regeneração. Inimigos do justo são todos quantos persistem em sublinhar a traço carregado o feio e por isso injusto, mas não reconhecem o esforço de construir. Que sejam punidos conforme as leis dos estados aqueles que, pervertendo o chamamento divino, cometeram delitos hediondos e profanadores do corpo místico.

Porém, não se olvide que os "lugares de beleza" a que nos incentiva o Papa só se alcançam com o exemplo, na tensão dialéctica entre o "presente" e a "tradição". Nessa torrente que, não repetindo nunca as mesmas pontes, jamais deixa de ser água.

Presenças reais (Pedro Mexia, ao Público de 13 de Maio)

O essencial foi o simbolismo deste gesto. As relações entre catolicismo e cultura não são hoje cordiais, não o são há décadas. A cultura ocidental, goste-se ou não, sempre se tinha alimentado de imagens e conceitos cristãos. Mas caímos no alheamento ou na hostilidade. Nem o catolicismo preza especialmente os intelectuais e os artistas, que considera uma causa perdida, nem os artistas mostram a mínima benevolência face à Igreja, sobretudo desde que o jacobinismo intolerante voltou a estar na moda.
Por isso, a vontade que Bento XVI manifestou em encontrar-se com figuras da cultura portuguesa demonstra uma disponibilidade assinalável. Não creio que a Igreja pretenda que as artes e o pensamento sejam ortodoxos ou catequéticos. Seria errado se pensasse assim. A arte e o pensamento incomodam, como deve incomodar o catolicismo, quando vivido como exigência e não como convenção. Este encontro, que retoma a magna reunião que ocorreu em Novembro, na Capela Sistina, convocou também agnósticos e crentes de outras religiões, pessoas com a evangélica "boa vontade", sem a qual nada se consegue. O que mais importa não é o renascimento de uma "arte cristã", conceito de utilidade duvidosa, mas sim a abertura dos criadores a uma ideia de beleza que é sempre, de algum modo, uma ideia religiosa.

Não foi por acaso que no seu discurso Bento XVI falou em "beleza" e em "verdade". Até os ateus mais convictos confessam com frequência que a beleza estética os transporta para uma dimensão enigmática e eterna. A arte inspirada pelo cristianismo sempre soube isso, de Bach a Bresson. Como escreveu um ensaísta contemporâneo: a criação supõe alguma coisa que está por detrás dela, uma alusão, uma suspeita, um fundamento, uma presença que não é fictícia ou presumida mas é uma "presença real". É também a essa forma oculta de beleza que chamamos "verdade".
Na mensagem lida pelo Papa, é sublinhado um aspecto central do tempo presente: o presente traz consigo séculos de história, dos quais não se pode fazer tábua rasa, como alguns pretendem; mas o momento actual deve ser também uma abertura para os tempos novos e futuros, ao contrário do que alguns temem. Não é o fetichismo do presente que nos deve ocupar, ou soprar de acordo com o vento; o que é fundamental é a continuidade histórica, a fidelidade às raízes, o sentido de comunidade, a construção de um destino pessoal e colectivo.
Quando Bento XVI disse "fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza" indicou que a cultura não se confunde com um adereço ou uma causa: é acima de tudo um diálogo e uma transformação. A criação humana é um espelho turvo, magnífico e inquieto de uma outra criação, aquela que escrevemos com maiúscula.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Bento XVI, magnífico "fazei das vossas vidas lugares de beleza"

Já na sua homilia no Terreiro do Paço, perante uma assistência de perto de 200 mil pessoas, o Santo Padre tinha recordado o papel histórico de Portugal na difusão da fé cristã e reforçou a importância de Jesus Cristo no centro da vida dos católicos, realçando que tal ganha especial importância no actual contexto nacional. Mais tarde, sendo subtil, mas também bastante directo, afirmou que não há forças que destruam a igreja católica. Todos aplaudiram.

No CCB, perante uma plateia de convidados ligados à vida cultural e social do país, Bento XVI foi mais explícito, quando abordou a "crise da verdade". Bento XVI defendeu que o conflito entre “presente e tradição”, na sociedade actual, levou a uma “crise da verdade”. Falando perante representantes do mundo cultural português o Papa referiu que “a missão ao serviço da verdade” é “irrenunciável” para a Igreja. Para que fique claro. É à luz desta verdade, e não abdicando dela que depois Bento XVI reconheceu ainda que que a Igreja tem de aprender “a estar no mundo, levando a sociedade a perceber que, proclamando a verdade, é um serviço que a Igreja presta à sociedade, abrindo horizontes novos de futuro, de grandeza e dignidade”. Este diálogo deve acontecer “sem ambiguidades” e respeitando “as partes nele envolvidas” (alguns jornais substituiram isto por "outras verdades"), algo que o Papa considerou “uma prioridade para o mundo de hoje, à qual a Igreja não se substrai”.

“Um povo, que deixa de saber qual é a sua verdade, fica perdido nos labirintos do tempo e da história, sem valores claramente definidos, sem objectivos grandiosos claramente anunciados”. Esta frase dirigida ao mundo cultural tem um propósito. A defesa de que a verdade está em Cristo (cuja palavra está revelada nos evangelhos) é o cerne de todo o discurso do Santo Padre. Bento XVI apelou aos autores da arte e cultura que não temam ser católicos, e que o expressem.
Na plateia, como artistas convidados, estavam o ancião cineasta Manoel de Oliveira (porta-voz), Rui Vilar, Glória de Matos, Pedro Mexia, Joana Carneiro, Guilherme de Oliveira Martins, Graça Costa Cabral, João Lobo Antunes, entre outros. (Faltou Agustina Bessa Luís, digo eu, mas a sua condição física pode explicar essa ausência).
A cerimónia contou com uma saudação de D. Manuel Clemente, presidente da comissão episcopal responsável pela área da cultura.
Manoel de Oliveira defendeu que a religião e a arte estão "viradas para o Homem e para a essência divina" e referiu que o “cristianismo foi pródigo em expressões artísticas”. A arte como tentativa de resposta ao sentido da vida, foi o mais importante do discurso do mais importante cineasta português.
Bento XVI manifestou “admiração e afecto” pelo centenário cineasta. Nestes discursos, disse o Papa, transpareceram “ânsia e disposições da alma portuguesa no meio das turbulências da sociedade actual”. “Esta é uma hora que reclama o melhor das nossas forças, audácia profética, capacidade renovada de "novos mundos ao mundo ir mostrando", como diria o vosso Poeta nacional”, afirmou, citando uma passagem de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões.
Como aconteceu no primeiro dia de visita, Bento XVI evocou a epopeia dos Descobrimentos e a marca cristã na “tradição cultural portuguesa”.
Disse que os descobridores e missionários eram movidos por “um sentido de responsabilidade global” que nasce da “milenária influência do cristianismo”. O ideal cristão da universalidade e da fraternidade inspiravam esta aventura comum, embora a influência do iluminismo e do laicismo se tivesse feito sentir também”. Esta tradição originou “aquilo a que podemos chamar uma "sabedoria” que não deve ser esquecida.
O Papa que fala seis línguas, é pianista e tem preferências por Mozart e Bach, que é membro de várias academias científicas da Europa, como a francesa Académie des sciences morales et politiques, e recebeu oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, entre elas da Universidade de Navarra, disse no CCB que a fé é a única que satisfaz a inteligência e pacífica os corações. Autor de livros onde se debruça sobre um dos desafios culturais mais importantes actualmente que é a relação entre fé e razão, Bento XVI é o exemplo vivo dessa harmonia entre razão e fé, "dimensões do espírito humano, que se realizam plenamente quando se encontram e dialogam" segundo as suas palavras.

"Ao mesmo tempo, contudo, deve-se admitir que a tendência a considerar verdadeiro só o que se pode experimentar constitui um limite para a razão humana e produz uma terrível esquizofrenia, evidente para todos, pela qual convivem racionalismo e materialismo, hipertecnologia e instintos desenfreados", já disse Bento XVI.

A inteligência que não percebe o papel infinito do amor (e Deus é amor) e do bem nas sociedades humanas, tal como Cristo o demonstrou, não chega a ter terceira dimensão, fica-se pela aparência, ou como diria Boris Vian, fica-se pela "espuma dos dias".

Bento XVI terminou o seu discurso no CCB dizendo "fazei coisas belas, mas essencialmente fazei das vidas lugares de beleza".
Beleza, estética e ética, uma triologia defendida no CCB.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Coragem

Nos dias que correm, ter coragem é: sem negar a modernidade, sem deixar de ser contemporâneo, sendo mediático, sendo inteligente, sendo apologista da cultura, SER CATÓLICO e nunca deixar de defender que Deus é Amor.

Parabéns Marcelo Rebelo de Sousa.
Dar a cara pela defesa da igreja católica é um acto de coragem.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Agências de Rating... só agora se lembraram de as criticar

Não é novidade que a natureza humana é propensa a criar bodes expiatórios. Os noves bodes são a Standard & Poor´s, a Moody´s e a Fitch. Alguém se lembrou de repente que eram todas norte-americanas, coisa que nunca incomodou a velha Europa. Hoje fala-se da criação de uma agência de rating europeia como se daí surgisse uma salvação. O avaliador é que é o culpado e não os avaliados.

A Europa vê-se hoje a braços com um enorme problema: os desvarios financeiros dos países pobres e indisciplinados da UE. Porque é que isso é um problema? Porque mesmo os países que tiveram superávite público, como é o caso da Alemanha e do Reino Unido, investiram milhões em dívida pública de países como a Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha. Os bancos estão carregados de exposição à Grécia. Se deixam cair esses países, para matar a mosca acabam a partir a lâmpada.
Portugal é um país que tem uma dívida externa (entre pública de 77%, e privada) de 110%. Há anos que os estrangeiros pagam 10% para nós produzirmos. E esse é o grande problema do nosso país: somos absolutamente dependentes do estrangeiro, dos mercados internacionais de dívida e dos bancos estrangeiros.
Diz-se que Portugal não é a Grécia. Não é, mas não é muito melhor. Veja-se o caso de Itália, tem um défice relativamente bom, 5,3%, mas tem uma dívida pública que ronda os 115% do PIB. No entanto há uma grande diferença em relação a Portugal, é que esta dívida pública está praticamente colocada nos italianos. Não estão, por isso, à mercê das subidas dos spreads internacionais.
O que fez Portugal? O Senhor Teixeira dos Santos baixou as taxas dos certificados de aforro, com retroactivos. Fez um favor à banca e trocou dívida interna por dívida externa, hoje muito mais cara.
Outro erro deste governo socrático: subiu os salários da função pública, em 2,9%, num ano sem inflação, apenas para ganhar as eleições. Agora arrisca-se a ter de retirar os 13º e 14º mês, ou a substituir parte dele por títulos de dívida pública. Este Governo foi infeliz e governou para o marketing, sob uma imagem de modernidade ideal, pacóvia.
Sem poupança não há crescimento da Economia, dizem os economistas. E Portugal gasta mais do que ganha, razão pela qual o Primeiro Ministro resolve citar Keynes a valer.
Keynes foi um economista, que procurou responder a uma crise da procura, quando agora se está a falar de uma crise de crédito. Fez carreira a ridicularizar a chamada "lei de Say", que declarava que a oferta cria a sua própria procura, e que por isso a escassez de procura estava resolvida à partida, invertendo a regra: passou a ser a procura que cria a sua oferta, isto é, a expansão da procura arrastaria consigo o rendimento e o produto agregados. Além disso, subverteu a máxima tradicional segundo a qual "não podemos gastar mais que aquilo que ganhamos" para a "não podemos ganhar mais do que gastamos" como novo lema de uma nova era. Keynes defendia as obras públicas, o que serve bem o PM, que constrói auto-estradas paralelas umas às outras e sonha com um país rico cheio de comboios de alta velocidade e aeroportos gigantes.
Pode agora dizer-se que o problema não é só de Sócrates, e soa ao mesmo que culpar as agências de rating. O PM está há tempo suficiente no Governo para criar medidas com efeitos estruturais a longo prazo, mas claro inspira-se num Keynes para quem a longo prazo estamos todos mortos!
"Este Keynes é muito difícil de ler quem o cita nunca o leu" disse Jacinto Nunes. Adorei.

A título exemplo, que medidas tomou Sócrates para travar a decadência da natalidade? Liberalizou o aborto, aprovou o casamento homossexual, e para compensar prometeu 200 euros para cada bebé que nasce, a ficar na CGD até aos 18 anos. Please!
O Governo tem de criar medidas para evitar que as mães façam abortos. Paguem tudo da criança até ao fim da escola primária, subsidiem os nascimentos nas mães mais pobres, em alternativa ao aborto. E ajudem as mães todas, com centros de acolhimento das crianças no horário pós escolar, que permitam que estas conciliem o emprego com o ser mãe.
Promovam o casamento, a família e a procriação. Façam campanhas pela tolerância entre marido e mulher, essa é a verdadeira tolerância que é preciso defender para salvar a humanidade e da qual todos se esqueceram. O amor foi substituído pelo paternalismo às minorias. Não se veja aqui uma alguma coisa contra minorias, mas que o amor ao outro não se detém nos chavões da tolerância aos supostos "menores" e à alegada discriminação, isso não se detém.
Sem natalidade, a Europa vai toda ao ar, pois se não nascem contribuintes....
Criem uma escolaridade que promova o nível cultural, e não uma escolaridade sem mérito. Portugal precisa de investir na cultura... na elevação cultural das gerações futuras.

domingo, 2 de maio de 2010

O melhor hotel que conheço, é em Marrakech (Amanjena)

Este mundo de hoje...

Fui ver um filme, Greenberg, sobre o vazio da existência neste mundo de onde desapareceu o sentido do infinito. O filme é bonzito, mas eu já não aguento a falta de sonho no cinema. Já não aguento o realismo da meia idade, sem ilusões, de que falam todos os filmes, sobretudo os americanos. Não suporto a campanha encapotada pela anarquia, como se esta não nos estivesse a afundar num irremediável niilismo

Fantasia Lusitana

Apetece-me ver este filme....

Valsa com Bashir (em DVD)

Um filme brilhante, sobre a forma como a memória filtra os traumas....

Pro-bono

Bento XVI vem a Portugal. É um regalo perceber que há grandes banqueiros; empresários; alguns jornalistas; empresas de marketing e publicidade, que são líderes de mercado; artistas, que ajudam na vinda do Papa e na campanha pela sua credibilidade (abalada pelas forças anti-vida), e isto sem cobrar um tostão. Completamente pro-bono. É isto que é ser católico, é isto que é ser cristão!
Pena que o PS (Pedro Silva Pereira deu uma entrevista à Ecclesia) se venha a colar a esta solidariedade de forma completamente incoerente, depois de serem o mentor das leis sociais que mais contrariam o espírito cristão, da defesa da vida, da defesa do natural e do amor.

Leiam um só excerto da incongruência:
«Temas eventualmente polémicos durante a visita, como a recente legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, não preocupam o ministro da presidência, para quem não é necessário que Igreja e Estado estejam “de acordo em tudo”.

“Nada disso prejudica o essencial: temos um bom quadro de relacionamento com a Igreja Católica, e também com outras confissões religiosas”, conclui Pedro Silva Pereira, Ministro da Presidência»

Ricardo, Coração de Leão. BES indiferente às campanhas mesquinhas anti-Bento XVI

Knowing that you lie.... still I look to find a reason to believe

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Um das entrevistas que mais gostei de fazer

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pedro Mexia

terça-feira, 27 de abril de 2010

Espirito Santo

Artigo do Diário Económico (parte 1)

Pedro Mexia, ao P2, "Ninguém me apanha a dizer que os Homens e as Mulheres são iguais"

Artigo de Pedro Mexia publicado no Público de sábado, dia 24 de Abril

Sem Imaginação

"Ao menos chamem-me misantropo", pede o dramaturgo Neil LaBute sempre que o acusam de misoginia. Quem conhece as peças de LaBute, sabe que o americano não tem grande apreço pela espécie humana. E a espécie inclui, forçosamente, as mulheres. Como é que se pode ser misantropo sem ser misógino?
A misoginia tornou-se uma conceito abrangente, e por isso é usado de modo terrorista. Há uma longa tradição de misoginia efectiva: medo ou hostilidade às mulheres. De Aristóteles a Nietzsche, muitos filósofos garantiram a menoridade intelectual e moral das mulheres. A tradição judaico-cristã, da Eva do Genésis às precauções de Agostinho, não é branda com elas. O naturalista Lineu disse que os órgãos sexuais femininos são abomináveis. Baudelaire utilizou o mesmo adjectivo para o carácter das senhoras. Strindberg ficava apopléctico quando lhe falavam de direitos das mulheres. Brel comparou-as desfavoravelmente com os cães. Freud inventou a inveja do pénis. Os nazis destinavam às esposas a triologia "kinder, Küch, Kirche", crianças, cozinha e igreja. Patrícia Highsmith arrasou o mulherio nos ácidos 'Pequenos contos da misoginia'. Que chamem a isso misoginia é factual.
Mas não chamem "misoginia" a qualquer crítica ao comportamento individual ou colectivo das mulheres, a qualquer generalização, a qualquer lamento, a qualquer cliché. Desde que há civilicação que se comenta que as mulheres são caprichosas, infiéis, coquetes, cruéis, cúpidas, tagarelas, fúteis, vaidosas. Toda a gente, em todo o lado e em todo o tempo, já disse ou já ouviu isto. Não quer dizer que seja verdade. Não significa que "as mulheres" sejam assim. São apenas características, verdadeiras ou falsas, detectadas pelos homens ao longo dos séculos. É a percepção social das mulheres.
Dito isto, sei bem que os defeitos dos homens nunca mais acabam. Eu não me considero misógino, acho que sou, enfim, e aqui hesito, porque sou uma coisa para a qual não há palavra, sou um andrófobo. Detesto homens. Estou de acordo com Albert Cohen: "Adoro as mulheres, mas nunca lhes perdoarei que gostem de homens."
Claro que há quem deteste mulheres. Há a misoginia da excisão, da burqa, da lapidação, da caça às bruxas, da discriminação, da violência sexual. A misoginia que consiste em negar a igualdade das mulheres, a sua autonomia e dignidade. Lutar contra a igualdade é inaceitável, porque a igualdade é uma evidência.
Uma mulher é uma pessoa, e as pessoas têm direito a tratamento igual, independente das circunstâncias biológicas. Mas a igualdade é um procedimento legal, não uma característica intrínseca. Ninguém me apanha a dizer que os homens e as mulheres são 'iguais' em outro sentido que não o jurídico. Se os homens fossem iguais às mulheres, eu gostava de homens.
A misoginia como facto não se confunde com a misoginia como labéu. As mulheres não estão isentas de crítica ou gozo, nem de acusações e zangas. É pateta dizer, como "tertuliano", que as mulheres são "a porta de entrada do diabo" mas, que diabo, não estamos impedidos de anotar as suas diabruras. Nem estamos inibidos de comentar o puritanismo de algumas facções feministas. Ninguém nos impede de dizer que o mito da doçura feminina em política caiu por terra com Thatcher. Não é pecado fazer um severo balanço e contas da chamada revolução sexual. Não é crime dizer que a Playboy resistiu a Beauvoir. E era só o que faltava que não nos pudéssemos queixar quando elas nos fazem mal.
Mas tenho reparado que aquilo que mais perturba as conciências é a estética. Sempre que faço o elogio público da beleza feminina (e faço sempre que posso) chamam-me misógino. Parece que "misógino", nalgumas cabeças, é quase sinónimo de "heterossexual". Porquê essa má consciência face à beleza? Talvez por causa do receio de que a beleza desconsidere a inteligência ou outras virtudes, essa sim uma suspeita intrinsecamente misógina. Se um homem se torna conhecido por gostar de mulheres bonitas fica logo com o ferrete de misógino. Excepto se for o George Clooney. E, no entanto a apreciação estética é um elogio, um dos grandes elogios, uma fonte de vida e alegria. Proust, é verdade, escreveu: "Deixemos as mulheres bonitas para os homens sem imaginação". Mas Proust gostava de rapazinhos.

---- fim do artigo---

Vivam os homens que gostam de mulheres! O meu Bem Haja para eles, e que continuem por muitos e largos anos. Vivam os homens que ficam vulneráveis à beleza das mulheres e as mulheres que se rendem à sensualidade dos homens, é deles o reino dos céus. Fora Proust e todos os seus seguidores, fora o feminismo, que se disfarça de igualdade para defender a uniformização sexual.

As melhoras da morte

O tempo melhorou em Portugal, depois de um inverno rigoroso. Os portugueses parecem contentes, inebriados numa alegria que antecede a tragédia.
A agência de notação Standard & Poor' s acaba de cortar o "rating" de Portugal em dois níveis, de A+ para A-. A fragilidade das contas públicas e o fraco crescimento económico são os principais argumentos utilizados pela S&P para degradar agora o risco da República, depois de ter alterado o “outlook” em Dezembro.

Os juros da dívida pública portuguesa intensificaram o movimento de subida e aproximam-se agora dos 6%.
No mercado dos “credit default swaps” o nível de risco atribuído ao incumprimento de Portugal também atingiu um recorde. Os mercados estão a antever riscos de contágio da Grécia a Portugal. A bolsa nacional fechou a cair mais de 5% para mínimos de Julho de 2009.
Resultado: os bancos portugueses vão ter mais dificuldade em levantar dinheiro lá fora. Ninguém empresta a Portugal, ou empresta a um preço elevado. Mais uma crise de liquidez que pode arrasar os bancos nacionais. E desta vez o Estado português não tem margem de manobra para se endividar, prestando garantias. Um verdadeiro 'desaire' pode desatar a jorrar. Bancos mais pequenos terão-se de fundir. Bancos grandes terão de reduzir custos a sério. O crédito chegará à economia a um preço alto demais, comprometendo o pouco crescimento previsto no PEC.
Meu Deus, o que fizeram de ti Portugal?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A demagogia

O Presidente da República criticou, pela segunda vez neste seu mandato, os salários dos gestores e alertou para o risco de revoltas que as injustiças criam. Afirmando que  nos "deparamos quase todos os dias com casos de riqueza imerecida que nos chocam."

O que é uma riqueza imerecida? A do político, que não herdou de nenhuma tia velha, e que de repente compra um casarão na zona mais cara de Lisboa? Ou a dos gestores que arriscam todos os dias a sua cabeça em cada decisão estratégica que tomam?
António Mexia, recentemente importunado (pelo Governo) pelos seus 3 milhões de ordenado e bónus, veio dizer, e bem: "em matéria de remunerações dos gestores, estamos a falar de coisas que dizem respeito aos accionistas".

Eu também acho que os salários dos gestores é uma coisa que só dizem respeito aos accionistas. Uma vez que foi aprovado em Assembleia Geral por estes, ninguém pode vir atirar pedras. Mas acho isto tanto para o António Mexia como para o Jardim Gonçalves.
O que se vê por aí, é que quando se fala dos ordenados dos outros é a indignação e a justiça social que impera, quando se está a falar dos próprios salários então é uma coisa que "diz respeito só aos accionistas".

sábado, 24 de abril de 2010

Há músicas que nascemos a ouvir

Só a educação dá liberdade

Sócrates diz verdades que não entende bem: "só a educação dá liberdade"... é verdade. Dá a liberdade, porque dá sentido crítico, que é uma coisa que Sócrates não aprecia. Mas também não é o único....

quinta-feira, 22 de abril de 2010

François Truffaut, para quando este filme na Fnac?

You Are Welcome To Elsinore

 Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras noturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos conosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

Mário Cesariny

terça-feira, 20 de abril de 2010

Anti-clericalismo perigoso

A pensar que há quem se indigne com a tolerância de ponto com a vinda do Papa, mas lhe saiba bem que haja férias de Natal e da Páscoa. A pensar que não há português que não anseie por feriados e pontos e que agora há quem apareça com a falsa moral dos hipócritas a serem uns puritanos defensores da produtividade e da economia do país.

O meu artista plástico preferido do momento: Carlos Correia, Galeria Baginski

Portugal é melhor que a Grécia e que a Islândia..... ena que sorte!

Acabo de ler a reacção do nosso Presidente da República, à noticia do ranking do Fundo Monetário Internacional que revela que Portugal é o segundo país que mais pode contribuir para perturbar a zona euro.
Sua Excelência o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva diz:
"Não acredito que se chegue a uma situação de bancarrota". Portugal não vai entrar em falência, "pois a situação do País é mais favorável do que a de países como Grécia ou a Islândia". Boa Portugal!
Quem tem razão é o Bruno Aleixo, o cão de Coimbra: A Grécia vai fechar. A Islândia já fechou, por isso é que agora há menos bacalhau!

África Minha, o romantismo desiludido

Sabia que ...

Sabia que Joseph Ratzinger, eleito Papa em 19 de Abril de 2005, escolheu o nome de Bento XVI por causa do santo padroeiro da Europa que é S. Bento. E que isso revela que a maior preocupação do Papa, que é quem faz as vezes de Jesus Cristo na Terra, é precisamente o estado de alma dos Europeus. Os valores da Europa estão no centro da preocupação do papa que sucedeu a João Paulo II. Europa essa que sucumbe cada vez mais aos encantos efémeros do individualismo e hedonismo, o que está a conduzir os europeus a um beco sem saída. Razão pela qual explodem os problemas psicológicos.
Bento XVI é um amante de música, aliás toca Mozart e Bach no seu piano de cauda. Foi também professor de Filosofia e Teologia na Universidade. Conhece por isso bem toda a história do pensamento humano. E é um belíssimo escritor.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Um presente ... de que gostei muito

domingo, 11 de abril de 2010

Má sorte, desde o berço até à morte


Há um fenómeno estranho no universo: a eterna repetição do azar ou a sorte numa mesma pessoa ou num mesmo povo. Ando a vida toda a não querer acreditar que quem (ou o que) tem azar uma vez, tem azar sempre. Sem qualquer lógica de causalidade, ou explicação científica. Nem aquela teoria das energias, ou dos chakras, muito útil aos fãs da auto-ajuda, me convence.
Pensei isto (não a propósito de mim ...) mas a propósito da morte por desastre de avião do presidente da Polónia, Lech Kaczynski. A Polónia foi sempre invadida. Nos tempos da Monarquia foi o único país em que os Reis eram eleitos pelos nobres. Resultado: muitos Reis polacos eram estrangeiros, que viam na Polónia um reino suplente das suas próprias coroas.
Por volta do século XVIII, a outrora poderosa Comunidade passou por um período de crescente anarquia, terminando por ser partilhada entre os seus vizinhos e apagada do mapa em 1795, através da anexação pelo império austro-húngaro. O país do centro da Europa recuperou a sua independência em 1918, mas a Segunda República foi destruída pela Alemanha e URSS quando as tropas nazis e as do Exército Vermelho invadiram o território. A Polónia foi então vítima de dois totalitarismos. Primeiro país a ser anexado pela Alemanha do Hitler, conseguiu libertar-se dos horrores do nazismo à custa do apoio de outro facínora: Estaline, para quem muitas mortes eram estatística. Saiu da alçada do Hitler para ficar subjugada à Rússia, cujo líder tinha mandado liquidar a elite militar da Polónia num bosque: Katyn. Ironicamente era para lá que pretendia dirigir-se o presidente Lech Kaczynski, resolvendo de vez o contencioso histórico com a Rússia, no seu trágico voo em direcção à morte. Morre com a sua mulher na queda do avião, deixando uma filha.
Falta ainda dizer que o país tinha conseguido libertar-se do comunismo nos anos 80 com Lech Walesa, com um movimento de reforma liderado pelo sindicato anti-comunista, o Solidaridade. A Polónia é um país com uma história trágica, absolutamente católico, profundo marcado por uma fraca auto-estima. Mas com um enorme orgulho nacional. Pátria de Chopin, Copérnico e de João Paulo II, a Polónia é um país assombrado pelo eterno retorno do azar.

sábado, 10 de abril de 2010

Um belo e triste filme: O Quarto do Filho, Nanni Moretti

Bandas intemporais X

Tríptico (não sei como dizer-te que a minha voz te procura)

Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço — e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,que te procuram.

Herberto Helder in Poesia Toda, 1980.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A política...

A política reduz -se aos espertos que querem subir e aos tolos que lhe servem de degrau, a que se pode acrescentar os vingativos

Amar é lutar constantemente contra milhares de forças escondidas

“Nunca se ama como nas histórias: nús e para sempre.
Amar é lutar constantemente contra milhares de forças
escondidas que vêm de nós ou do mundo.
Contra outros homens. Contra outras mulheres.”

Jean Anouilh, dramaturga francesa

Happiness...

Alain Delon
John Cusack




John Cusack, outra vez .... o meu actor preferido, desta geração

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Saudades

Saudades do não vivido, são as que nos marcam

Bem aventurança

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Bom Humor ....

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A opinião de um agnóstico inteligente, JMF

Ora aí está um artigo inteligente sobre Bento XVI:

Não sou crente. Educado na fé católica, passei pelo ateísmo militante e hoje defino-me como agnóstico. Talvez não devesse, por isso, pôr-me a discutir os chamados “escândalos de pedofilia” na Igreja Católica. Até porque não sei se, como escreveu António Marujo neste jornal [Público] – no texto mais informado publicado sobre o tema em jornais portugueses -, estamos ou não perante “A maior crise da Igreja Católica dos últimos 100 anos”.
Tendo porém a concordar com um outro agnóstico, Marcello Pera, filósofo e membro do Senado italiano, que escreveu no Corriere della Sera que se, sob o comunismo e o nazismo, “a destruição da religião comportou a destruição da razão”, a guerra hoje aberta visa de novo a destruição da religião e isso “não significará o triunfo da razão laica, mas uma nova barbárie”. Por isso acho importante contrariar muitas das ideias feitas que têm marcado um debate inquinado por muita informação errada ou manipulada.
Vale por isso a pena começar por tentar saber se o problema da pedofilia e dos abusos sexuais – um problema cuja gravidade ninguém contesta, ocorram num colégio católico, na Casa Pia ou na residência de um embaixador – tem uma incidência especial em instituições da Igreja Católica. Os dados disponíveis não indicam que tenha: de acordo com os dados recolhidos por Thomas Plante, professor nas universidades de Stanford e Santa Clara, a ocorrência de relações sexuais com menores de 18 anos entre o clero do sexo masculino é, em proporção, metade da registada entre os homens adultos. É mesmo assim um crime imenso, pois não deveria existir um só caso, mas permite perceber que o problema não só não é mais frequente nas instituições católicas, como até é menos comum. Tem é muito mais visibilidade ao atingir instituições católicas.
Uma segunda questão muito discutida é a de saber se existe uma relação entre o celibato e a ocorrência de abusos sexuais. Também aqui não só a evidência é a contrária – a esmagadora maioria dos abusos é praticada por familiares próximos das vítimas – como o tema do celibato é, antes do mais, um tema da Igreja e de quem o escolhe. Não existiu sempre como norma na Igreja de Roma e hoje esta aceita excepções (no clero do Oriente e entre os anglicanos convertidos). Pode ser que a norma mude um dia, mas provavelmente ninguém melhor do que o actual Papa para avaliar se esse momento é chegado – até porque talvez ninguém, no seio da Igreja Católica, tenha dedicado tanta atenção ao tema dos abusos sexuais e feito mudar tanta coisa como Bento XVI.

Se algo choca na forma como têm vindo a ser noticiados estes “escândalos” é o modo como, incluindo no New York Times, se tem procurado atingir o Papa. Não tenho espaço, nem é relevante para esta discussão, para explicar as múltiplas deturpações e/ou omissões que têm permitido dirigir as setas das críticas contra Bento XVI, mas não posso deixar de recordar o que ele, primeiro como cardeal Ratzinger e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, depois como sucessor de João Paulo II, já fez neste domínio.
Até ao final do século XX o Vaticano não tinha qualquer responsabilidade no julgamento e punição dos padres acusados de abusos sexuais (e não apenas de pedofilia). A partir de 2001, por influência de Ratzinger, o Papa João Paulo II assinou um decreto – Motu proprio Sacramentorum Sanctitatis Tutela – de acordo com o qual todos os casos detectados passaram a ter de ser comunicados à Congregação para a Doutrina da Fé. Ratzinger enfrentou então muitas oposições, pois passou a tratar de forma muito mais expedita casos que, de acordo com instruções datadas de 1962, exigiam processos muito morosos. A nova política da Congregação para a Doutrina da Fé passou a ser a de considerar que era mais importante agir rapidamente do que preservar os formalismos legais da Igreja, o que lhe permitiu encerrar administrativamente 60 por cento dos casos e adoptar uma linha de “tolerância zero”.
Depois, mal foi eleito Papa, Bento XVI continuou a agir com rapidez e, entre as suas primeiras decisões, há que assinalar a tomada de medidas disciplinares contra dois altos responsáveis que, há décadas, as conseguiam iludir por terem “protectores” nas altas esferas do Vaticano. A seguir escolheu os Estados Unidos – um dos países onde os casos de abusos cometidos por padres haviam atingido maiores proporções – para uma das suas primeiras deslocações ao estrangeiro e, aí (tal como, depois, na Austrália), tornou-se no primeiro chefe da Igreja de Roma a receber pessoalmente vítimas de abusos sexuais. Nessa visita não evitou o tema e referiu-se-lhe cinco vezes nas suas diferentes orações e discursos.
Agora, na carta que escreveu aos cristãos irlandeses, não só não se limitou a pedir perdão, como definiu claramente o comportamento dos abusadores como “um crime” e não apenas como “um pecado”, ao contrário do que alguns têm escrito por Portugal. Ao aceitar a resignação do máximo responsável pela Igreja da Irlanda também deu outro importante sinal: a dureza com que o antigo responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé passou a tratar os abusadores tem agora correspondência na dureza com que o Papa trata a hierarquia que não soube tratar do problema e pôr cobro aos crimes.
De facto – e este aspecto é muito importante – a ocorrência destes casos de abusos sexuais obriga à tomada de medidas pelos diferentes episcopados. Quando isso acontece, a situação muda radicalmente. Nos Estados Unidos, país onde primeiro se conheceu a dimensão do problema, a Conferência de Dallas de 2002 adoptou uma “Carta para a Protecção de Menores de Abuso Sexual” que levaria à expulsão de 700 padres. No Reino Unido, na sequência do Relatório Nolan (2001), acabou-se de vez com a prática de tratar estes assuntos apenas no interior da Igreja, passando a ser obrigatório dar deles conta às autoridades judiciais. A partir de então, como notava esta semana, no The Times, William Rees-Mogg, a Igreja de Inglaterra e de Gales “optou pela reforma, pela abertura e pela perseguição dos abusadores em vez de persistir no segredo, na ocultação e na transferência de paróquia dos incriminados”.

Bento XVI, que não despertou para este problema nas últimas semanas, não deverá precipitar decisões por causa desta polémica. No passado domingo, durante as cerimónias do Domingo de Ramos, pediu aos crentes para não se deixarem intimidar pelos “murmúrios da opinião dominante”, e é natural que o tenha feito: se a Igreja tivesse deixado que a sua vida bimilenar fosse guiada pelo sentido volátil dos ventos há muito que teria desaparecido.
Ao mesmo tempo, como assinalava John L. Allen, jornalista do National Catholic Reporter, em coluna de opinião no New York Times, “para todos os que conhecem a experiência recente do Vaticano nesta matéria, Bento XVI não é parte do problema, antes poderá ser boa parte da solução”.
Uma demonstração disso mesmo pode ser encontrada na sua primeira encíclica, Deus Caritas Est, de 25 de Dezembro de 2005, ano em que foi eleito. Boa parte dela ocupa-se da reconciliação, digamos assim, entre as concepções de “eros”, o termo grego para êxtase sexual, e de “ágape”, a palavra que o cristianismo adoptou para designar o amor entre homem e mulher. Se, como referia António Marujo na sua análise, o teólogo Hans Küng considera que existe uma “relação crispada” entre catolicismo e sexualidade, essa encíclica, ao recuperar o valor do “eros”, mostra que Bento XVI conhece o mundo que pisa.
Por isso eu, que nem sou crente, fui informar-me sobre os casos e sobre a doutrina e escrevi este texto que, nos dias inflamados que correm, se arrisca a atrair muita pedrada. Ela que venha.

Público, 2 de Abril de 2010

José Manuel Fernandes

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cimpor

Não posso dissertar muito sobre este tema, porque escrevo sobre ele no Diário Económico. Mas quando soube que Armando Vara podia ser escolhido pelo BCP para o representar no 'Board' da Cimpor, apeteceu-me perguntar: «Quantos Kilómetros vai ganhar?»

Pedro Mexia dixit

Noutra sua crónica na revista Ler deste mês (Março) Pedro Mexia, a propósito de uma sátira ao mau livro de um tal de Joaquim Quintino Aires "O Amor não se aprende na escola), diz "Há uma certa sofisticação em enganar pessoas com tautologias. Mas faz parte desta nova psicologia ad hoc e ad lib". Gostei muito desta verdade simples.
Para quem não sabe, o livro de que fala Mexia é uma espécie de manual de instruções do sexo e do amor (ambos separados para análise pelo o psicoterapeuta Quintino), que serve bem a donas de casa que vejam as manhãs da TVI, leiam a Flash e a TV Mais.

Sakharov de Portimão (Pedro Mexia)


Transcrevo aqui as partes essenciais da divertida e sábia crónica de Pedro Mexia na revista Ler de Fevereiro:

"O Sakharov de Portimão"

Faço parte de um pequeno grupo que se reúne às quintas-feiras numa cave em Algés e que não possui qualquer opinião sobre os processos judiciais em curso. Sabemos que se trata de uma actividade socialmente minoritária e condenada, e por isso juntámos-nos em segredo, como os primeiros cristãos.
Cá fora toda a gente opina. Toda a gentes sabe. Não há cafés, quiosque ou autocarro onde subsistam dúvidas sobre a culpabilidade de autarcas, banqueiros, pedófilos. Portugal tornou-se numa república da opinião. Não da opinião publicada , mas da opinião de rua. Não é o comentador televisivo que dita a opinião geral, são o taxista e a porteira.
No caso do desaparecimento de uma menina inglesa no Algarve, a opinião das porteiras dos taxas flutuou. Primeiro, toda a simpatia foi para os pais da criança, que atravessavam o maior sofrimento de que uma pessoa pode experimentar: depois, vieram as dúvidas. Finalmente a onda virou, e os MacCann, tratados com desprezo como os «ingleses», já eram culpados, de desleixo certamente, de ocultação provavelmente e talvez de homicidio da própria filha.
Houve duas pessoas que contribuiram para esta mudança. Dois ex-inspectores, Gonçalo Amaral e Francisco Moita Flores. Estes membros do CSI Portimão e do CSI Santarém desmultiplicaram-se em aparições públicas sugerindo que os culpados eram os ingleses. Não só o casal, mas a imprensa inglesa, os advogados ingleses, os jornais ingleses e os políticos ingleses. Como dizia a versão original do nosso hino: contras os bretões marchar, marchar.
(...)
Segundo Amaral há fortes indícios de que os MaCann eram culpados, e se o juíz arquivou o caso, isso não significa nada. (...) os pais da criança não gostaram e interpuseram uma providência cautelar que impedisse a circulação de ambos os panfletos. É a essa proibição que se refer o opus 2 de Amaral: "a Mordaça Inglesa". O livro é uma espécie de revisitação do 'Ultimatum' . Os bretões são poderosos e asquerosos, nós vergamo-nos à sua influência, e isso é inaceitável. Amaral que foi comunista durante anos até se filiar nos laranjinhas, diz nos que os MacCann pertencem às classes «privilegiadas», donde se conclui que talvez devessem ser julgados por um júri popular composto por porteiras e taxistas.
Depois, Gonçalo Amaral queixa-se da «censura». Conta-nos «onde estava no 25 de Abril», faz uma história abreviada da liberdade de expressão, clama pelo «direito à indignação» e diz que foi «amordaçado». Por momentos parece uma autobiografia de Manuel Alegre. E compara-se a Sakhrov, um homem que diga-se de passagem, se antecipou umas décadas à perspicácia de Amaral acerca da bondade do comunismo.
O terceiro ponto é o mais estapafúrdio. Segundo Amaral não havia razões para que o livro fosse retirado de circulação porque constituía apenas uma «opinião» (além disso, acrescenta, a providência cautelar é um instituto burguês). A tese de que os pais fizeram desaparecer ou ocultaram o cadáver da sua filha é apenas isso, uma opinião: «Uma opinião não é um insulto, uma afronta ultrajante. É, isso sim, um modo de ver as coisas que, para ser livremente julgado não tem que estar correcto. E em regra não está. De outro modo, todos os homens estariam unidos nas suas opiniões.» Tudo, para Amaral, são opiniões: as teses dele, a sentença do juiz, o próprio Código Penal. Mas será que alguém pode fazer acusações tão graves a coberto do direito de opinião? Gonçalo Amaral, o Shakarov de Portimão responde: «e a minha tese pode estar correcta ou incorrecta? Quem sabe?» E se estiver incorrecta? Gonçalo Amaral diz: bem, nesse caso «lamento». Ah, então está bem.


A inteligência é um posto.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Jogar xadrez com a morte


Não sou a melhor pessoa para escrever sobre Ingmar Bergman, porque, por falha minha, não consigo amar os seus filmes. Mas amo os conceitos desses filmes, e a arte neles:
Em sétimo selo, (Det Sjunde Inseglet, 1956), a morte é um inteligente estratega que desafia a vida a evitá-la.
A parábola do cavaleiro medieval que está a jogar xadrez com a morte e está a perder, remete-nos para a vitória da pulsão das forças destruitivas.
Sétimo selo, é uma metáfora à visão profética do Apóstolo João no livro bíblico de Revelação ou Apocalipse (Bíblia, Antigo Testamento, muito importante para os cristãos protestantes). O que representam os 7 selos do Apocalipse? Profetizam as características básicas dos 7 períodos que a igreja viveria desde sua fundação até a segunda vinda de Jesus, descrita na última parte do sexto selo. Os quatro cavaleiros do Apocalipse representam os quatro períodos da igreja cristã e os quatro primeiros eventos do "fim do mundo". O primeiro seria um grande líder que conquistaria grande poder e autoridade (motivo pelo qual muitos o identificam como o AntiCristo ou o próprio Cristo), o segundo significaria uma "guerra mundial" entre o homem representado pelo primeiro cavaleiro e aqueles que não aceitariam a sua dominação, o terceiro seria a "fome" ou racionamento de alimentos, causada por estes se tornarem raros com a guerra, e o quarto seria uma grande crise de mortalidade, como uma consequência dos cavaleiros anteriores. Os quatro cavaleiros representariam os quatro primeiros eventos do "fim do mundo". O ultimo cavaleiro seria a "morte espiritual", causada pela propagação de falsas doutrinas e religiões que substituiriam o verdadeiro cristianismo (muitos considerando que tal período se iniciaria com a Reforma protestante e seguiria até o "fim dos tempos").
No livro do Apocalipse de João, o sétimo selo revela sete anjos que receberão sete trombetas que, quando sopradas, uma por vez, iniciarão cataclismas que prenunciarão a derrocada da humanidade.

Freud e a luta entre a pulsão da vida contra a pulsão da morte, esta está a ganhar

Vou aqui publicar um bom artigo de um homem ideológicamente distante de mim, Manuel Maria Carrilho (sobre Freud e Keynes)

A cupidez
por MANUEL MARIA CARRILHO

Os estereótipos são aquelas coisas que, com as intenções mais diversas, toda a gente diz sem saber bem o que está a dizer. São eles que frequentemente reduzem personagens extraordinárias a uma simples fórmula, que se cola a um aspecto, a uma faceta da sua vida.
Com Keynes, a fórmula que ficou foi a da associação do seu nome ao intervencionismo do Estado. Não me surpreendeu por isso o espanto de tantos, quando há semanas aqui falei da fortíssima ligação de Keynes com a cultura, tanto no plano da criação como da sua difusão, e que o levou a fundar e dirigir o Arts Council - em acumulação, note-se, com a direcção do Bank of England!
Hoje vou talvez espantar um pouco mais esses leitores, com um outro aspecto da obra de Keynes: o da sua proximidade com a psicanálise e as ideias do seu criador, Sigmund Freud, sobre as quais ele chegou mesmo a escrever.
Em 1930, um ano depois do colapso bolsista, Freud e Keynes editaram dois textos singulares: Freud publica o Mal-estar na Cultura, e Keynes lança As Perspectivas Económicas para os Nossos Netos. São reflexões sobre a evolução da sociedade, num momento que era então de generalizada perplexidade.
Freud expõe a sua visão sombria sobre a evolução do mundo, alicerçada na ideia de que a civilização contém no seu próprio interior, a par com a força (a pulsão, como ele a designa) de vida que lhe deu forma, uma outra força, de natureza autodestruidora, a pulsão de morte. Para Freud, a luta entre elas é, na história da humanidade, tão constante como inconsciente. A novidade é que o resultado dessa luta se tornou cada vez mais favorável às forças autodestrutivas, obsessivamente orientadas para o domínio da natureza e para a acumulação de bens.
A visão que Keynes expõe então era mais optimista do que a de Freud, sobretudo porque a sua opção foi olhar para o longo prazo (para o tempo dos seus netos), apostando que a humanidade conseguiria resolver, como disse, o "problema económico". A utopia keynesiana antecipava então, no prazo de cer- ca de um século, o fim das lutas de classes e dos conflitos entre nações e esboçava um mundo em que a humanidade se libertaria da escassez e das preocupações materiais des-de que se dotasse da "organização adequada" - os economistas, dizia, poderiam mesmo vir a não ter mais relevância do que os dentistas…
Mas, apesar do contraste que decorre destas visões - e que, no essencial, definem uma polarização que continua a alimentar muitas controvérsias actuais -, Freud e Keynes partilharam várias ideias. Uma dessas convergências encontra-se no modo como pensaram o dinheiro, a moeda, na sua ligação com a psicologia individual e a natureza do mercado.
É que a moeda não é para Keynes, ao contrário do que pensavam e pensam muitos economistas, um instrumento neutro destinado a facilitar a troca. Não, a moeda é uma invenção que remete para a dinâmica das pulsões mais inconscientes da humanidade, que interfere com a ansiedade humana (acalmando-a ou intensificando-a), dá um valor ao tempo, despersonaliza as relações sociais, torna a dívida abstracta e permite - como disse G. Simmel - que os homens possam deixar de se olhar nos olhos uns dos outros.
E é na cupidez, no amor irracional do dinheiro, que Keynes vê o motor do capitalismo. E como Freud tinha recorrido a Thanatos para explicar a pulsão de autodestruição, Keynes recorre a Midas para explicar o modo como o dinheiro se pode tornar, de intermediário da troca, na finalidade última da actividade humana: "Auri sacra fames!…"
Na sua Teoria Geral, Keynes fará referência explícita a Freud (e a outros psicanalistas, como Ferenczi e Jones) para sublinhar a pertinência das suas análises sobre a relação do dinheiro com certos episódios do desenvolvimento infantil, uma das mais controversas teses do criador da psicanálise. E mais claro ainda é o modo como subscreve a hipótese freudiana da ligação da civilização à sublimação das pulsões humanas mais básicas. Quadro em que a cupidez lhe aparece como um catalisador fundamental da libido individual, seja no sentido da abstinência e da poupança, seja no da fruição e do consumo.
Claro que estas opções, mais do que individuais, são eminentemente colectivas - e também aqui Keynes se revela um bom leitor de Freud: se a influência social se faz sobretudo por contágio, a imitação sobrepõe-se à racionalidade e o mercado corre amiúde o risco de se enganar. J. Stiglitz não diz hoje outra coisa, quando fala da finança contemporânea.

terça-feira, 30 de março de 2010

André Villas-Boas afinal não vai para o Sporting....




André Villas-Boas

segunda-feira, 29 de março de 2010

Donde vem o ódio a Bento XVI?


É um mistério o dom da empatia que se cria nos outros, um dom que tinha João Paulo II. É um mistério porque não há explicação científica para a inspiração do amor. Num mundo onde a essência sucumbiu à aparência, quem inspira simpatia leva grande vantagem.
Serve isto para dizer que Bento XVI, sendo um téologo brilhante, um visionário, um filósofo, é mal amado. As suas encíclicas, são verdadeiros tratados filosóficos. Logo na sua primeira carta, Deus Caritas Est, rebate as ideias de Nietzche: "Na crítica ao cristianismo que se foi desenvolvendo com radicalismo crescente a partir do iluminismo, esta novidade foi avaliada de forma absolutamente negativa. Segundo Friedrich Nietzsche, o cristianismo teria dado veneno a beber ao eros, que, embora não tivesse morrido, daí teria recebido o impulso para degenerar em vício". Vale a pena ler.
Desde que Ratzinger foi eleito Papa, não pararam as críticas às suas ideias, à sua imagem, movem-se montanhas para tentar destruir Bento XVI. Bento XVI é um Cristo à beira de ser crucificado pelos Fariseus. Todos apelam a que Pilatos o condene à morte. A história repete-se... e reacção da populaça a Bento XVI é a demonstração de que a Bíblia é o mais sábio livro sobre a natureza humana.
Eu quero aqui dizer que Bento XVI não inspira o amor, mas defende-o.

Donde vem o ódio a Bento XVI?

Na primeira encíclica, o Papa escolheu para tema o amor. "« Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele » (1 Jo 4, 16). Estas palavras da I Carta de João exprimem, com singular clareza, o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho."

Bento XVI escolhe falar do amor, para precisamente por a tónica da nossa existência na origem do amor: o Amor Homem/Mulher. Aqui está o primeiro grande incómodo de Bento XVI, para um mundo que acha que no ser humano há o direito de se escolher uma orientação sexual, diferente da natural.

No primeiro capitulo, Bento XVI diz;
A UNIDADE DO AMOR
NA CRIAÇÃO
E NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

"Em primeiro lugar, recordemos o vasto campo semântico da palavra «amor»: fala-se de amor da pátria, amor à profissão, amor entre amigos, amor ao trabalho, amor entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, amor ao próximo e amor a Deus. Em toda esta gama de significados, porém, o amor entre o homem e a mulher, no qual concorrem indivisivelmente corpo e alma e se abre ao ser humano uma promessa de felicidade que parece irresistível, sobressai como arquétipo de amor por excelência, de tal modo que, comparados com ele, à primeira vista todos os demais tipos de amor se ofuscam. Surge então a questão: todas estas formas de amor no fim de contas unificam-se sendo o amor, apesar de toda a diversidade das suas manifestações, em última instância um só, ou, ao contrário, utilizamos uma mesma palavra para indicar realidades totalmente diferentes?"

"Ao amor entre homem e mulher, que não nasce da inteligência e da vontade mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de eros".

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est_po.html

Noutra encíclica Bento XVI vem falar da criação. Outro incómodo:

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ

1 DE JANEIRO DE 2010


"SE QUISERES CULTIVAR A PAZ, PRESERVA A CRIAÇÃO

O respeito pela criação reveste-se de grande importância, designadamente porque «a criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus»[1] e a sua salvaguarda torna-se hoje essencial para a convivência pacífica da humanidade.
Mais tarde, o Papa Bento XVI pediu aos fiéis que sejam "intransigentes" com o pecado, mas "indulgentes" com os pecadores. A mensagem foi transmitida aos milhares de católicos que se reuniram na Praça de São Pedro do Vaticano para a tradicional oração do Ângelus".
O Papa, com uma grande coragem, foi mais longe:

O papa Bento XVI afirmou que 'salvar' a humanidade do comportamento homossexual ou transsexual é tão importante quanto salvar as florestas do desmatamento.
«A Igreja também deve proteger o homem da destruição de si mesmo. Um tipo de ecologia humana é necessária», declarou o pontífice no seu discurso na Cúria, a administração central do Vaticano. «As florestas tropicais merecem nossa protecção. E os homens, como criaturas, não merecem nada menos do que isto» diz Bento XVI.

A Igreja Católica diz que, embora a homossexualidade não seja um pecado (uma vez que não é uma escolha), os actos sexuais são.

Grande incómodo. Há que matar o Papa, há que matar a credibilidade do Papa.

Bento XVI vem em Maio a Portugal, país católico, que maioritariamente é contra o casamento homossexual. Desde então não param as notícias sobre os escândalos de pedofilia que existem há muito, lamentavelmente, nas igrejas, católica ou não, e que existem nas famílias, mesmo que sejam ateias. Bento XVI tem o amargo papel de trazer o mal para a ribalta, para o poder aniquilar.
A pedofilia é grave, é um desvio sexual. Mas eu lembro que os defensores da homossexualidade, não se podem esquecer que a pedofilia é muitas vezes homossexual (sobretudo em meandros religiosos). E que muitos partidos defensores nessa Europa fora, da homossexualidade, defendem que se torne legal as relações sexuais a partir dos 12 anos. Ou seja defendem a pedofilia.

O tema chegou ao celibato sacerdotal, disciplina e não dogma da Igreja. Até certo ponto a vantagem do casamento dos padres católicos pode muito bem estar no facto de afastar dos seminários aqueles que querem fugir ao casamento. Mas não é o facto de se ser sexualmente activo que evita as perversões (a meu ver aqui cabe muita coisa).
Poderá o casamento ser um entrave à pedofilia? Eis o que diz um ateu:

Júlio Machado Vaz, a pedofilia e o celibato sacerdotal

Júlio Machado Vaz no programa da Antena 1 "O amor é", a propósito dos casos de pedofilia de alguns padres da Igreja Católica, diz que é um perfeito disparate afirmar que a culpa destes casos de pedofilia radicam no celibato forçado dos padres católicos.
As disfunções sexuais e, em particular, que levam à pedofilia tanto podem acontecer em casados, como em celibatários, referia.
E para ilustrar a sua teoria, deu o exemplo do recente violador de Telheiras que, apesar de ter uma namorada e (tudo o indica) uma vida sexualmente activa, ainda assim, violava outras mulheres.
"Se existisse um sistema de vasos comunicantes, rematava, um homem com uma parceira sexual necessariamente sentir-se-ia sempre satisfeito ao ponto de não cometer excessos em matéria sexual. Mas não é isso que acontece".
"Tenho para mim que os casos de padres pedófilos está, antes, relacionado com pessoas que, na realidade, ou não têm vocação sacerdotal ou se a têm, não interiorizaram suficientemente as obrigações decorrentes dessa vocação".

A Igreja pode responsável ser pela falta de acompanhamento a que vota muitos padres, sobretudo, diocesanos.
Mas não pode o Papa ser acusado de cumplicidade de um crime hediondo, como a pedofilia.

Já agora, a título de exemplo da campanha negra que se faz ao Papa, na edição do Diário de Notícias, há um artigo com este título
"PJ investiga três novos casos de padres católicos"
Quando se começa a ler: "Mas, ao que o DN apurou, em 2007 estiveram indiciados apenas três ministros de culto, sendo um deles o caso do pastor evangélico que agora aguarda julgamento. Os outros dois, um na Guarda e outro no Funchal, que se presumem padres católicos - os dados a que o DN teve acesso apenas referem ministros de culto -, foram arquivados por falta de indícios" PRESUMEM-SE CATÓLICOS?! Mas no título não diz católicos?