sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Além do Bem e do Mal

Aquele que luta com monstros deve acautelar-se; para não se tornar também um monstro. Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha fica a para nós. - Friedrich Wilhelm Nietzsche, "Além do Bem e do Mal"

A visão do belo, ainda que rápida, é um prazer eterno

"A thing of beauty is a joy forever", dizia John Keats

Pedro Mexia sobre o livro da Fátima Lopes

Pedro Mexia sobre a biblioteca fútil. Desta vez: O livro da apresentadora Fátima Lopes, que já vendeu 100 mil. "É assim apresentado numa badana: 'Há o sofrimento, a paixão, o carinho, a alegria e a dor, a cumplicidade e o respeito, experiências boas e relações falhadas, escolhas e caminhos cruzados'. Parece um post no frigorífico: 'Não há margarina, óleo, papel higiénico, espuma de barbear, iogurtes de pêssego'

O elogio do provincianismo

No outro dia alguém me disse que eu era uma pessoa 'old fashion', e apeteceu-me dizer-lhe que o provincianismo nos costumes, pode muito bem ser uma virtude, desde que se seja vanguardista na cultura e nas ideias. Ao contrário o mundo (o português, essencialmente) é moderno nos costumes e nas práticas, e muito provinciano na cultura... passou tudo dos Maias, empurrado à força no secundário, para os "Códigos de Da Vinci" e os "O Segredo".

Diário de Kafka, 2 de Agosto de 1914

"Alemanha declarou guerra à Rússia. À tarde fui nadar".

"Sei o que fizeste no Verão passado", um filme idiota citado por um Primeiro Ministro que quer apostar na cultura

No frente a frente entre José Sócrates e Paulo Portas ficou patente que: Sócrates e Portas são fiéis seguidores da demagogia.
Cada ideia apresentada em confronto é na prática um silogismo (para quem não se lembra das aulas de filosofia, tratam-se de duas premissas verdadeiras que juntas dão um conclusão falsa, mas que ilude).
Sócrates ao fim de uma legislatura em que cultivou o primado das aparências, veio finalmente dizer que Portugal tem de apostar na cultura. Uma verdade, mas que na cabeça de Sócrates não passa de mais um chavão.
Apostar na cultura não pode estar separado de um profunda reforma na educação. Apostar na cultura não é só abrir museus ou pôr mágicos na rua. Apostar na cultura é pôr nos programas escolares, desde a primária até ao secundário, disciplinas obrigatórias como história de arte; filosofia; história da música clássica; literatura nacional e internacional, etc. É preciso pôr a cultura nas disciplinas curriculares, para que se crie uma nova geração com auto-estima, auto-confiança, com o sentido crítico necessário para se ser imune à leviandade, e à superficialidade das aparências, ao marketing político. É na falta de cultura que encontramos as razões de estarmos hoje numa ditadura do pensamento único. Ser cultos para ser livres.
Mas o Governo decidiu facilitar que os alunos passem de ano a todo o custo, não sei com que lógica, talvez seja em nome desta nova preocupação psicótica de não traumatizar as crianças. Mas os traumas são como o humor, ter não é o mesmo que quer ter.

A estrutura da educação hoje é uma estrutura para tarefeiros. A escola tende a banir disciplinas que não têm utilidade prática imediata, para favorecer as que dão instrumentos para realizar tarefas. É uma profunda miopia cultural que tende a atacar o país. Mas o que esperar de um homem (José Sócrates) que cita filmes medíocres, como "Sei o que fizeste no verão passado", um banal filme de terror de 1997?
Devemos à pobreza cultural os clichés que dominam a cabeças dos portugueses, e como o país é pequeno as ideias feitas propagam-se à velocidade da luz, sem questionar.

É por causa da falta de prática de pensar com profundidade que o mundo ocidental (sobretudo a Europa) se converte cada vez mais ao individualismo e às micro-utopias politicamente correctas.

Vivemos numa utopia narcísica, e o perigo dessas utopias narcísicas que por aí proliferam é que o homem é também fruto do meio, não consegue ser imune a ele. Como a natureza humana é feita para entregar amor, para se dar ao outro, para dar vida, em sociedades onde se altera esse paradigma criam-se psicoses, primeiro sociais e depois psicológicas. Mas isto dava para outro campo de discussão....