Posted: January 24, 2010 12:28
In Defense of Benedict XVI
It is time to put an end to the disingenuousness -- the bias, in a word -- and the disinformation concerning Benedict XVI.
As soon as he was elected, the accusations of "ultraconservatism," taken up in a loop by the media, began -- as though a pope could, in fact, be anything but "conservative."
There have been those excessive insinuations, if not crass jokes, about the "German pope," the "post-Nazi" in a cassock, the one the French satirical television program Les Guignols de l'Info blatantly nicknamed "Adolf II" (and this because, like all adolescents his age, he was enrolled in the regime's youth movements).
Texts have been quite simply distorted, regarding his trip to Auschwitz in 2006, for example, where it was asserted -- and repeated, also in a loop, time blurring the memory of the event -- that he paid homage to the 6 million Polish dead, victims of a mere "band of criminals", without mentioning that half of them were Jews. (The falsehood is downright staggering, considering that, on that day, Benedict XVI plainly spoke of the attempt of the "powerful of the 3rd Reich" to "eliminate the Jewish people" from the "ranks of the nations of the earth" [cf Le Monde, 30 May 2006]).
And now, this is the record, I was going to say the limit, with this visit to the synagogue in Rome, following visits to other synagogues in Cologne and New York: the same chorus of disinformers scarcely waited for him to cross the Tiber before announcing, urbi et orbi, that he had failed to find adequate words, hadn't made the appropriate gestures and, thus, hadn't quite pulled it off.
Well then, since the event is still recent news, allow me to make a few things perfectly clear.
When he bowed his head in silence before the wreath of red roses placed before the plaque commemorating the martyrdom of 1021 deported Roman Jews, Benedict XVI was only doing his. duty, but he did it.
When Benedict XVI paid homage to the "faces" of these "men, women and children" rounded up as part of the project of "extermination of the people of the Covenant of Moses," he was stating the obvious, but he said it.
When Benedict XVI reiterates, word for word, the terms of John Paul II's prayer at the Wailing Wall a decade ago, when Benedict XVI then asks "forgiveness" of the Jewish people, long the subject of pogroms inspired by the furor of an antisemitism essentially Catholic in nature and this, again, by reading John Paul II's own words, it is time to stop repeating, like braying donkeys, that he is not going as far as his predecessor.
And finally, when Benedict XVI stands before the inscription commemorating the 1982 attack committed by Palestinian extremists in Rome and declares that the Judeo-Catholic dialogue that began with Vatican II is now "irrevocable", and when he expresses the intent to "deepen" and "develop" the "debate between equals" with the Jews, our "older brothers," one can accuse him of any number of things, but not of "freezing" the process begun by John XXIII.
And, as for the affair of Pius XII...
If need be, I shall go back over the very complex affair of Pius XII.
I shall go back over the case of Rolf Hochhuth, author of the famous work, The Deputy, the genesis of the polemic regarding the "silences of Pius XII", in 1963.
And I shall go back over the particular fact that this burning dispenser of justice is, as a matter of fact, a negationist, often condemned as such (notably by Paul Spiegel, the now-deceased former president of the Central Council of Jews in Germany), whose last provocative act consisted of defending David Irving, who denies the existence of gas chambers, in an interview with the extreme right wing weekly Die Junge Freiheit five years ago.
For the time being, I would just like to recall (as has Laurent Dispot in La Règle. du Jeu, the review I edit), that in 1937, when the terrible Pius XII was still just Cardinal Pacelli, he co-authored the. encyclical With Burning Anxiety, which today still remains one of the firmest and most eloquent of anti-Nazi manifestos.
For the time being, we owe it to historical accuracy to point out that, before engaging in clandestine action, opening -- without saying so -- his convents to Roman Jews hunted by the fascist bullies, the silent Pius XII made a number of speeches broadcast by radio, in particular at Christmas of 1941 and 1942.
After his death, they earned him the praise of Golda Meir, who knew the value of the spoken word and was not afraid to declare that "during ten years of Nazi terror, while our people suffered in dreadful agony, the Pope raised his voice to condemn the executioners".
And, as yet, it's especially surprising that we place the entire weight of responsibility for the deafening silence concerning the Shoah that echoed throughout the world, or nearly all, upon the shoulders of a Sovereign of the time who had neither cannons nor aircraft at his disposal; b) who went to great lengths, most historians tell us, to share with others who were informed the. knowledge available to him; and c) who in fact saved a great many of those he was morally responsible for, in Rome, but elsewhere as well.
A word to add to the Great Book of Modern Abjection: Pius or Benedict, one can be both Pope and scapegoat.
Versão portuguesa:
Está na altura de pormos fim à má-fé, à parcialidade e à desinformação acerca de Bento XVI. Podemos acusá-lo de algumas coisas, mas não de "congelar" o processo iniciado por João XXIII
Logo que Bento XVI foi eleito, os media começaram a acusá-lo de "conservador" e continuaram numa espiral imparável, como se um Papa pudesse não ser conservador. Houve umas tantas insinuações excessivas, senão mesmo anedóticas, acerca do "Papa alemão", um "pós-nazi" de sotaina. Em França, o programa televisivo satírico "Les guignols de l'info" [equivalente ao "Contra-informação"] deu-lhe descaradamente a alcunha de "Adolf II" (e isso porque, como qualquer criança ou adolescente na Alemanha da época, ele estava inscrito na organização da juventude do regime).Vários textos foram, pura e simplesmente, deturpados. Relativamente à viagem que fez a Auschwitz em 2006, por exemplo, afirmou-se que o Papa homenageou os 6 milhões de polacos mortos, sem ter mencionado que metade eram judeus. Também se repetiu vezes sem conta que se referiu aos mortos como vítimas de um mero "bando de criminosos". Esta falsidade é francamente espantosa, se levarmos em conta que, nesse mesmo dia, Bento XVI falou claramente da tentativa das "chefias do Terceiro Reich" de "esmagarem todo o povo judeu, de o eliminarem da população do planeta".No entanto, com a recente visita do Papa à sinagoga de Roma, depois de ter visitado outras sinagogas, em Colónia e Nova Iorque, o coro de desinformação atingiu o auge. Mal puderam esperar que ele atravessasse o Tibre para anunciarem, Urbi et orbi, que não conseguira encontrar as palavras certas, não fizera os gestos adequados e, em suma, se estampara ao comprido. Permita-me que esclareça cabalmente certas coisas. Quando Bento XVI curvou a cabeça em silêncio perante a coroa de rosas vermelhas colocada junto da placa que celebra o martírio de 1021 judeus romanos deportados, estava apenas a cumprir o seu dever. Mas o que é facto é que o fez.Quando Bento XVI prestou homenagem aos "homens, mulheres e crianças" arrebanhados no âmbito do projecto de "extermínio do povo da Aliança de Moisés", estava a afirmar o óbvio, mas afirmou-o.Há uma década, quando Bento XVI reiterou os termos da oração de João Paulo II junto ao Muro das Lamentações, pedindo "perdão" ao povo judaico, de longa data sujeito a pogrons inspirados por um furor anti-semita que era de natureza essencialmente católica, usou as palavras exactas de João Paulo II. Está na altura de pararmos de repetir, quais burros que zurram, que ele não vai tão longe como o seu predecessor.Quando Bento XVI esteve diante da inscrição que comemora o ataque de 1982 perpetrado por extremistas palestinianos em Roma, manifestou a intenção de "aprofundar" e "desenvolver" um "debate entre iguais" com os judeus. O Papa declarou que o diálogo entre judeus e católicos, iniciado com o concílio Vaticano II, é agora "irrevogável". Podemos acusá-lo de muitas coisas, mas não de "congelar" o processo começado por João XXIII.Quanto à questão de Pio XII...Se for necessário, voltarei a abordar a questão muito complexa de Pio XII.Voltarei a recapitular o caso de Rolf Hochhuth, autor do famoso livro de 1963 "The Deputy", que está na génese da polémica sobre os "silêncios de Pio XII".E voltarei a abordar o facto específico de que esse justiceiro inflamado tem sido repetidamente condenado por negar a existência do Holocausto; de ter recentemente defendido David Irving; e de há apenas cinco anos, numa entrevista ao semanário de extrema-direita "Die Junge Freiheit", ter negado a existência das câmaras de gás.Por enquanto, porém, gostaria apenas de relembrar que, em 1937, quando era ainda o cardeal Pacelli, o terrível Pio XII foi co-autor da encíclica "Mit brennender Sorge" (Com profunda preocupação), que ainda hoje continua a ser um dos manifestos antinazis mais firmes e eloquentes.Por ora, o nosso dever para com a história obriga-nos a realçar que Pio XII abriu secretamente os seus conventos aos judeus romanos perseguidos pelos fascistas. O silencioso Pio XII também proferiu uma série de discursos radiofónicos - relevantes para este caso são as emissões de Natal de 1941 e 1942. Depois da sua morte, esses discursos granjearam-lhe os elogios da líder israelita Golda Meir, que conhecia o valor da palavra e não receava declarar que "durante dez anos de terror nazi, enquanto o nosso povo sofria uma terrível agonia, o Papa levantou a voz para condenar os carrascos".O Holocausto ecoou em todo o mundo, e contudo nós colocamos sobre os ombros de um soberano que não dispunha de canhões nem de aviões todo o peso da responsabilidade pelo silêncio ensurdecedor.
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