segunda-feira, 2 de março de 2009

Constâncio que de constante tem muito pouco

Vítor Constâncio é uma personagem curiosa. Tem medo de se comprometer com o ridículo e não pára de cair nele.Vejamos: o Banco Portugal publica uma portaria em que passa o capital dos bancos para o mínimo recomendado de 8%. Os bancos, habituados a seguir à risca o regulador, desdobram-se em imaginação para elevar o capital. Mas eis senão quando, Constâncio chama lá alguns jornalistas e deixa cair que já não faz sentido os 8% de tier 1, porque afinal é "pró-ciclico".blá, blá, blá.
O objectivo era que os jornais passassem informalmente o recado do Governador. Mas os jornalistas, embevecidos pelo convite respeitam tanto o off, que nem escrevem sobre o assunto... Então, tudo na mesma.
Entretanto, o BES anuncia um aumento de capital de 1,2 mil milhões. E por causa disso tem até de diminuir previamente o valor nominal das acções (reduzir o capital para depois o aumentar). A seguir BCP anuncia uma emissão "até" 1,2 mil milhões de dívida perpétua. O BPI vende activos.
O BCP começa a olhar para os aneis que vai vender: Banco na Turquia, Estados Unidos.
Eis que chega a vez da CGD, o banco do Estado, que teve e tem tantos compromissos que lhe consomem tanto do capital que lhe vem do Governo. O banco do Estado lá apresenta um tier 1 de 7% e nada de medidas para chegar aos 8%, os tais da portaria do Banco de Portugal.
Porquê? Porque o Ex.mo Senhor Governador telefonou à administração da CGD para dizer: "estão a ver aquela portaria que publicamos em Novembro, olhem não se preocupem. É só uma recomendação... não cumpram!".E a CGD anuncia isto, em resposta numa conferência de imprensa.
Mas afinal, Constâncio emite um comunciado em que diz que tudo se mantém: O que é, é só uma recomendação. Uma recomendação que ele recomenda não cumprir. Mas não a todos. Só aos bancos que ele bem entender, e a esses dá uma telefonadela.
Amanhã há um problema que se cruza com o capital minimo e lá vai ele dizer que recomendou os 8% de tier 1.... e que não sabia de nada dos bancos com pouco capital.
Ainda me lembro de Constâncio ter apelado ao Governo para ajudar o Banco Privado Português, porque tinha sido vítima da revisão do rating da Moodys. Ora a Moodys limitava-se a dizer que o capital do BPP não reflectia o real risco do banco. Coisa que hoje o Banco de Portugal não só confirmou, como essa conclusão o levou a inibir a velha administração do BPP.
Vítor Constâncio é uma personagem curiosa. Parece dotado de uma tentação diplomática que o arrasta sempre para as meias medidas, as meias supervisões, as meias recomendações."Não me comprometa", é uma ideia que está sempre nas entrelinhas de tudo o que diz, e do que não diz.

1 comentário:

  1. Concordo inteiramente!!! São só charlatões, corruptos e bandidos. Isto representa o estado da sociedade actual. O ser humano vendeu-se ao metal vil, o "Deus Dinheiro". Agora que tudo se está a desmoronar e a perder valor, o homem sente-se só e está infeliz. Onde está a afinal a intelegência do ser humano??? Ainda por cima é egoista e só quer facilidades... já não sabe trabalhar honradamente e ajudar o próximo. Honra, mas o que é isso??? esqueci-me que estamos em 2009. Lá diz o ditado: "em terra de cegos quem tem olho é rei"

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