quarta-feira, 5 de maio de 2010

Agências de Rating... só agora se lembraram de as criticar

Não é novidade que a natureza humana é propensa a criar bodes expiatórios. Os noves bodes são a Standard & Poor´s, a Moody´s e a Fitch. Alguém se lembrou de repente que eram todas norte-americanas, coisa que nunca incomodou a velha Europa. Hoje fala-se da criação de uma agência de rating europeia como se daí surgisse uma salvação. O avaliador é que é o culpado e não os avaliados.

A Europa vê-se hoje a braços com um enorme problema: os desvarios financeiros dos países pobres e indisciplinados da UE. Porque é que isso é um problema? Porque mesmo os países que tiveram superávite público, como é o caso da Alemanha e do Reino Unido, investiram milhões em dívida pública de países como a Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha. Os bancos estão carregados de exposição à Grécia. Se deixam cair esses países, para matar a mosca acabam a partir a lâmpada.
Portugal é um país que tem uma dívida externa (entre pública de 77%, e privada) de 110%. Há anos que os estrangeiros pagam 10% para nós produzirmos. E esse é o grande problema do nosso país: somos absolutamente dependentes do estrangeiro, dos mercados internacionais de dívida e dos bancos estrangeiros.
Diz-se que Portugal não é a Grécia. Não é, mas não é muito melhor. Veja-se o caso de Itália, tem um défice relativamente bom, 5,3%, mas tem uma dívida pública que ronda os 115% do PIB. No entanto há uma grande diferença em relação a Portugal, é que esta dívida pública está praticamente colocada nos italianos. Não estão, por isso, à mercê das subidas dos spreads internacionais.
O que fez Portugal? O Senhor Teixeira dos Santos baixou as taxas dos certificados de aforro, com retroactivos. Fez um favor à banca e trocou dívida interna por dívida externa, hoje muito mais cara.
Outro erro deste governo socrático: subiu os salários da função pública, em 2,9%, num ano sem inflação, apenas para ganhar as eleições. Agora arrisca-se a ter de retirar os 13º e 14º mês, ou a substituir parte dele por títulos de dívida pública. Este Governo foi infeliz e governou para o marketing, sob uma imagem de modernidade ideal, pacóvia.
Sem poupança não há crescimento da Economia, dizem os economistas. E Portugal gasta mais do que ganha, razão pela qual o Primeiro Ministro resolve citar Keynes a valer.
Keynes foi um economista, que procurou responder a uma crise da procura, quando agora se está a falar de uma crise de crédito. Fez carreira a ridicularizar a chamada "lei de Say", que declarava que a oferta cria a sua própria procura, e que por isso a escassez de procura estava resolvida à partida, invertendo a regra: passou a ser a procura que cria a sua oferta, isto é, a expansão da procura arrastaria consigo o rendimento e o produto agregados. Além disso, subverteu a máxima tradicional segundo a qual "não podemos gastar mais que aquilo que ganhamos" para a "não podemos ganhar mais do que gastamos" como novo lema de uma nova era. Keynes defendia as obras públicas, o que serve bem o PM, que constrói auto-estradas paralelas umas às outras e sonha com um país rico cheio de comboios de alta velocidade e aeroportos gigantes.
Pode agora dizer-se que o problema não é só de Sócrates, e soa ao mesmo que culpar as agências de rating. O PM está há tempo suficiente no Governo para criar medidas com efeitos estruturais a longo prazo, mas claro inspira-se num Keynes para quem a longo prazo estamos todos mortos!
"Este Keynes é muito difícil de ler quem o cita nunca o leu" disse Jacinto Nunes. Adorei.

A título exemplo, que medidas tomou Sócrates para travar a decadência da natalidade? Liberalizou o aborto, aprovou o casamento homossexual, e para compensar prometeu 200 euros para cada bebé que nasce, a ficar na CGD até aos 18 anos. Please!
O Governo tem de criar medidas para evitar que as mães façam abortos. Paguem tudo da criança até ao fim da escola primária, subsidiem os nascimentos nas mães mais pobres, em alternativa ao aborto. E ajudem as mães todas, com centros de acolhimento das crianças no horário pós escolar, que permitam que estas conciliem o emprego com o ser mãe.
Promovam o casamento, a família e a procriação. Façam campanhas pela tolerância entre marido e mulher, essa é a verdadeira tolerância que é preciso defender para salvar a humanidade e da qual todos se esqueceram. O amor foi substituído pelo paternalismo às minorias. Não se veja aqui uma alguma coisa contra minorias, mas que o amor ao outro não se detém nos chavões da tolerância aos supostos "menores" e à alegada discriminação, isso não se detém.
Sem natalidade, a Europa vai toda ao ar, pois se não nascem contribuintes....
Criem uma escolaridade que promova o nível cultural, e não uma escolaridade sem mérito. Portugal precisa de investir na cultura... na elevação cultural das gerações futuras.

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